Embraer e Boeing aprovam fusão e aguardam aval do governo
A fabricante de aviões brasileira ressalta em fato relevante que decisão será submetida aos acionistas após aprovação das autoridades
atualizado
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A Embraer anunciou nesta segunda-feira (17/12) que seu conselho de administração aprovou a parceria estratégica para combinação de ativos na área de aviação comercial com a Boeing. A fabricante de aviões brasileira ressalta em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a parceria ainda está sujeita à aprovação do governo brasileiro e, posteriormente, será submetida à aprovação dos acionistas e das autoridades regulatórias. O conselho também já autorizou envio de notificação solicitando a aprovação prévia da União.
De acordo com a parceria proposta, a Boeing deterá 80% de participação na joint venture por US$ 4,2 bilhões. Em julho, quando o acordo foi anunciado, o valor informado para pagamento à Embraer pela Boeing era de US$ 3,8 bilhões. A joint venture foi avaliada, na ocasião, em US$ 4,75 bilhões. Agora, o valor anunciado pela empresa em fato relevante é de US$ 5,26 bilhões. Pelos cálculos da Embraer, o resultado da operação, líquido de custos de separação, será de US$ 3 bilhões.
Conforme a companhia, a expectativa é que a parceria não tenha impacto no lucro por ação da Boeing em 2020, mas sim nos anos seguintes. A joint venture deve gerar sinergias anuais de cerca de US$ 150 milhões – antes de impostos – até o terceiro ano de operação.
Após concluída a transação, a joint venture da aviação comercial será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente a Dennis Muilenburg, presidente e CEO da Boeing. A Embraer terá poder de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das operações do Brasil.
No comunicado, Paulo Cesar de Souza e Silva, presidente e CEO da Embraer, afirma que a empresa está confiante que a parceria será de grande valor para o Brasil e para a indústria aeroespacial do país.
KC-390
As companhias também chegaram a um acordo de uma segunda joint venture para promover e desenvolver novos mercados para o avião multimissão KC-390. De acordo com a parceria proposta, a Embraer deterá 51% de participação, e a Boeing, os 49% restantes.
A transação também está sujeita à aprovação do governo brasileiro, à ratificação pelo conselho de administração da Embraer e à autorização deste para assinatura dos documentos definitivos da transação.
Na sequência, a parceria estratégica deve também ser submetida à aprovação dos acionistas, das autoridades regulatórias e a outras condições pertinentes para conclusão de uma transação desse tipo. Caso as aprovações ocorram no tempo previsto, a expectativa da Embraer é que a negociação seja concluída até o final de 2019.
TST libera negócio
Também nesta segunda (17), o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Batista Brito Pereira, cassou decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região de Campinas que poderia dificultar o negócio entre a Embraer e a Boeing. Na decisão, Brito Pereira argumenta que “o debate sobre a soberania e a defesa nacional não envolve discussão sobre direito decorrente da relação de trabalho” e que “não há prova cabal da citada ação vilipendiosa” entre as duas fabricantes de aviões.
A decisão cassada em Brasília foi tomada no fim de novembro e determinava que, para o avanço do negócio entre as duas empresas, a União – como sócia da brasileira – deveria previamente obter informações sobre a operação diretamente com o Conselho de Defesa Nacional (ex-Conselho de Segurança Nacional), que atualmente é vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.