Em ata, Copom diz não hesitará em retomar ciclo da alta de juros
Colegiado do Banco Central avalia cenário externo adverso em meio ao aperto monetário internacional, guerra e desaceleração chinesa
atualizado
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O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (27/9) a ata de sua última reunião que “travou” a taxa Selic em 13,75%. Porém, o colegiado não descarta novos aumentos caso a desinflação não transcorra como o esperado.
“O Comitê enfatiza que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o documento.
O texto mostra que o grupo avaliará, nos próximos meses, o aperto da política monetária dos países desenvolvidos, que ocorre de forma “sincronizada” para conter o avanço da inflação. Esse movimento de impactar “as expectativas de crescimento econômico e elevando o risco de movimentos abruptos de reprecificação nos mercados”. Ou seja, o Copom espera que, com a elevação dos juros, haja uma desaceleração do crescimento econômico.
Além disso, o comitê também vai considerar os impactos econômicos da restrição do fornecimento de gás natural à Europa, política de “tolerância zero” contra a Covid-19 na China e a Guerra na Ucrânia nos próximos trimestres.
A desaceleração econômica do gigante asiático é considerada um fator de preocupação da instituição no documento divulgado hoje. Principal parceiro comercial do Brasil, a China deverá crescer este ano 2,8%, projetou o Banco Mundial. A expansão do país só voltará no próximo ano.
Apesar das preocupações externas, no âmbito doméstico, a economia brasileira apresentou ritmo acelerado acima do esperado no segundo trimestre. O Boletim Focus, divulgado nesta segunda, projeta uma inflação para este ano de 5,88% e o governo espera fechar o ano superavitário.
Votaram pela manutenção do juros em 13,25%: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente do BC), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.
Votaram por uma elevação de 0,25 ponto percentual: Fernanda Magalhães Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes.