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Efeito Lava Jato abre espaço para construtoras médias

Das 15 maiores empreiteiras do país em 2014, nove companhias – até então responsáveis pelos principais projetos e concessões brasileiras – estavam envolvidas no escândalo de corrupção

atualizado

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1 de 1 odebrecht - Foto: Divulgação/Agência Brasil

Os R$ 5 bilhões que separam o faturamento da gigante Andrade Gutierrez e da gaúcha Toniolo, Busnello são o retrato de uma concentração que sempre dominou o setor. Hoje, no entanto, a diferença nos números não é parâmetro para traduzir a realidade de cada empresa. Nos últimos dois anos, enquanto o império da Andrade, uma das líderes do setor, encolhia dia após dia por causa da Operação Lava Jato, a empreiteira do Sul ganhava mercado e crescia em ritmo chinês.

Em 2015, as receitas da empresa tiveram aumento de 18% e alcançaram R$ 720 milhões – montante que rendeu nove posições no ranking da construção. Fundada em 1945, a empreiteira chegou a 21ª posição no ano passado (ou 14ª se for considerada apenas a construção pesada). “Vivemos um momento de grandes oportunidades num setor que deve ficar menos concentrado nos próximos anos”, avalia o diretor da construtora, Humberto Cesar Busnello, filho de um dos fundadores da companhia.

As apostas do executivo estão ancoradas no enfraquecimento das construtoras envolvidas na Lava Jato. Das 15 maiores empreiteiras do país em 2014, nove companhias – até então responsáveis pelos principais projetos e concessões brasileiras – estavam envolvidas no escândalo de corrupção. De lá pra cá, muitas delas entraram em recuperação judicial, abandonaram obras e estão sem condição – financeira e moral – de entrar numa nova empreitada.

Para se ter ideia, em 2013, antes da Lava Jato, o faturamento das 15 maiores construtoras do País somava R$ 51,1 bilhões, segundo o ranking da revista O Empreiteiro. No ano passado, esse montante caiu para R$ 30,4 bilhões. Odebrecht, líder absoluta na última década, e OAS, em recuperação judicial, não quiseram entrar no levantamento.

Com as grandes companhias fora de combate, as construtoras do chamado “grupo intermediário” começam a ocupar um espaço estratégico e podem ditar uma nova configuração do setor de construção. “As grandes construtoras vão continuar no mercado, mas com uma representatividade muito menor”, afirma o sócio da KPMG, Mauricio Endo, especialista nas áreas de governo e infraestrutura.

Não faltam candidatas para ocupar esse vácuo deixado pelas gigantes do setor de construção. Na lista, estão nomes desconhecidos da maioria da população, mas que já alcançaram faturamento bilionário a exemplo de Serveng-Cilvisan e ARG. Essa última, no entanto, já teve o nome citado no escândalo do Mensalão. Outras empresas também já passaram por investigações no passado por suposto envolvimento em doações e pagamento de propina, como a Arteleste – segunda maior recebedora de recursos do governo federal neste ano na construção de viadutos e pontes. A empresa não se pronunciou.

Potencial
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, conta que, a pedido de uma instituição financeira, selecionou 30 construtoras com capacidade de tocar obras importantes no País. A Paulitec estava entre elas. No ano passado, a empresa faturou R$ 249 milhões e ganhou 17 posições no ranking de construtores – de 77.º lugar para 60.º, em 2015.

“Estamos ganhando obras maiores que antes ficavam nas mãos das grandes empreiteiras”, afirma Márcio Paulikevis dos Santos, diretor-presidente da Paulitec. Quase 100% da carteira da empresa é formada por obras públicas.

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