Dólar volta a cair abaixo de R$ 3,70 com planos de Bolsonaro e Ptax
Início da disputa pela formação da taxa de referência para contratos em novembro influenciou as cotações da moeda norte-americana
atualizado
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Em dia de forte volume de negócios no mercado de câmbio, o início da disputa pela formação da Ptax, a taxa que servirá de referência para os contratos em novembro, foi um dos fatores que influenciaram as cotações do dólar nesta terça-feira (30/10), sobretudo no mercado futuro. Declarações de presidente eleito Jair Bolsonaro e seu futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que quer tentar aprovar a reforma da Previdência neste ano, aproveitando o texto que está no Congresso, e reduzir o total de ministérios repercutiram bem nas mesas de operação.
O dólar à vista passou boa parte do dia em alta, mas fechou em queda de 0,26%, a R$ 3,6924. No exterior, a moeda norte-americana teve comportamento misto perante emergentes, caindo ante divisas como o peso argentino e o rand sul-africano e subindo no México e na Índia.
No mercado futuro, o dólar para novembro recuou 0,58%, a R$ 3,6965 e o giro foi de US$ 27 bilhões. O vencimento de dezembro começou a ganhar liquidez, com volume de US$ 1,6 bilhão, por conta da rolagem dos contratos entre os dois meses ganhando força, de acordo com operadores. Os bancos, que estão com posição vendida em dólar, estão levando a melhor na disputa pela Ptax, ressalta um gestor de renda fixa.
Além da Ptax, economistas e operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apontam que o mercado de câmbio operou sensível ao noticiário relativo ao novo governo. O chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, David Beker, ressalta que se o governo conseguir aprovar a Previdência este ano, com sinalizou Bolsonaro na segunda-feira (29) à noite e Paulo Guedes nesta terça, a reação do mercado será positiva. “Eu diria que hoje a expectativa do mercado é muito baixa em relação ao progresso na reforma este ano”, disse.
Atrativos
A aprovação das mudanças na Previdência Social e de outras medidas, como a independência do Banco Central, poderiam atrair de volta ao Brasil os investidores estrangeiros, destaca Beker. O recente rali no mercado financeiro brasileiro foi um movimento puxado em sua maior parte pelo investidor doméstico. O economista avalia que há espaço para apreciação do real. Mas ele alerta que o BC tem um estoque de US$ 65 bilhões de swaps e se houver muita pressão para a queda do dólar, pode reduzir o ritmo de rolagem dos swaps.
“O câmbio está sem uma tendência muito definida, com uma dinâmica de flutuação, para cima e para baixo, ao redor de um certo nível”, aponta o economista sênior do banco de investimento Haitong, Flavio Serrano. Ele destaca que contribui ainda para a movimentação e para o alto volume do câmbio hoje a formação da última taxa Ptax do mês, nesta quarta, com favorecimento de posição vendida.