Dólar sobe 0,38% com cautela na Previdência, mas recua 1,13% na semana
Uma nova rodada de depreciação da moeda, caso não haja mudanças lá fora, viria com sinais mais concretos de apoio parlamentar à reforma
atualizado
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Depois de uma manhã de idas e vindas, em que chegou a ser cotado abaixo de R$ 3,85, o dólar operou em alta ao longo de toda a tarde e, com máxima de R$ 3,8738 na reta final do pregão, encerrou a sessão desta sexta-feira (5/4) com valorização de 0,38%, a R$ 3,8718. Na primeira semana de abril, marcada por três pregões de queda e dois de alta, o dólar perdeu 1,13%, oscilando sempre entre os níveis de R$ 3,85 e R$ 3,87.
Segundo operadores, o enfraquecimento do real, apesar de alta da bolsa, pode ser atribuído a fluxos pontuais de saída de recursos e a uma postura mais defensiva dos agentes, já que a próxima semana será decisiva para o andamento da reforma no Congresso, com a entrega do texto do relator da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), no dia 9.
A avaliação é a de que o mercado já assimilou o impacto da audiência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e da participação mais ativa do presidente Jair Bolsonaro na batalha pela reforma, após encontro com lideranças políticas. Uma nova rodada de depreciação do dólar, caso não haja solavancos lá fora, viria apenas com sinais mais concretos de apoio parlamentar à reforma.
Declarações de Bolsonaro, Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nesta sexta-feira – dos dois últimos em evento empresarial em Campos de Jordão (SP) -, sinalizam que o governo já admite que não conseguirá emplacar mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.
Em café da manhã com jornalistas nesta sexta, em Brasília, Bolsonaro disse que, entre os pontos da reforma, a idade mínima e tempo de contribuição “são os mais importantes” e sinalizou que, dadas as resistências observadas, o debate sobre o sistema de capitalização pode ficar para um segundo momento.
Para Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor, o mercado parece ter encontrado um ponto de acomodação para o dólar e agora espera novidades sobre o andamento da reforma para apostas mais contundentes. “Há um otimismo cauteloso com a questão da Previdência. Tem que ter motivos para movimentações mais fortes, pelo menos o sinal verde da CCJ”, diz Alessie, ressaltando que uma diluição da proposta já é esperada e a aprovação de um projeto com economia de R$ 700 bilhões (abaixo do R$ 1 trilhão estimado por Guedes) em 10 anos já seria motivo para comemorar.
Além da cautela em relação ao andamento da reforma, é preciso considerar que o estrangeiro ainda carrega posições relevantes compradas em dólar, o que tecnicamente impõe limites a depreciação maior da moeda americana.
Marcos Trabbold, gerente de operações da B&T Corretora, afirma que a alta do dólar nesta sexta esteve mais ligada a movimentos técnicos e saídas de recursos que a expectativas em relação ao cenário. “Apesar de declarações do presidente e de Guedes, não houve um fato mais forte que pudesse mexer com o mercado”, disse.