Dólar sobe 0,33% pressionado por exterior e dúvidas sobre Previdência
Valorização se deu por fatores técnicos, com o ajuste de posições no mercado futuro, e conjunturais, como a alta generalizada da moeda
atualizado
Compartilhar notícia
O dólar operou em alta o dia todo nesta segunda-feira (4/2), e fechou com ganhos de 0,33%, a R$ 3,6699. A valorização foi reflexo de uma combinação de fatores técnicos, com o ajuste de posições no mercado futuro, e conjunturais, como a alta generalizada do dólar ante emergentes e preocupações sobre os rumos da reforma da Previdência no Congresso após a definição dos presidentes do Senado e da Câmara.
Em meio à maior cautela, os investidores estrangeiros aumentaram sua posição comprada em dólar no mercado futuro, que ganha com a alta da moeda norte-americana, em US$ 8,5 bilhões apenas na sexta-feira (01).
A moeda americana abriu a segunda-feira em alta e chegou a bater em R$ 3,6880 na máxima do dia (+0,82%) pela manhã. Na parte da tarde, contudo, a valorização perdeu fôlego, acompanhando a divulgação da minuta da proposta da reforma da Previdência que a equipe econômica enviou à Casa Civil, prevendo idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres. A redução da alta do dólar ante o peso mexicano, um dos pares do real no mercado internacional de moedas, também contribuiu, segundo operadores.
Apesar do conteúdo do texto preliminar da Previdência ter sido bem recebido, a visão hoje é de que a reforma pode ter maiores dificuldades no Congresso do que se previa.
Cicatrizes políticas
O economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, avalia que o novo líder do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é visto como “relativamente inexperiente” e a luta política para a definição do presidente da Casa, que levou à desistência da candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL) no sábado, pode ter deixado “profundas cicatrizes políticas” que devem distanciar alguns partidos, particularmente o MDB, da agenda de reformas do governo.
O economista do Goldman Sachs ressalta ainda que declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sugerem que a aprovação da Previdência pode não ser tão fácil ou rápida como se esperava. O parlamentar alertou que Jair Bolsonaro (PSL) não tem neste momento os 308 votos necessários para aprovar o texto.
“O fim do recesso no Congresso é o que vai comandar a pressão doméstica no câmbio”, disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Para ele, um dos temores das mesas é como será a oposição do senador Renan Calheiros. “A grande preocupação agora passa a ser o Congresso”, disse ele, destacando que os investidores também vão monitorar os eventos no mercado externo.