Dólar perde força com intervenção do BC após chegar a R$ 4,21
Nova pesquisa eleitoral e elevação recorde de taxa de juros na Argentina deram impulso à cotação da moeda americana frente o real
atualizado
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O dólar à vista registra forte alta nesta quinta-feira (30/8), acompanhando no Brasil o movimento da moeda norte-americana ante divisas dos demais países emergentes. Na máxima do dia, alcançada no começo da tarde, o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,2158, em alta de 2,3% em relação ao último fechamento. Esse foi o segundo maior valor do câmbio atingido durante um pregão desde o início do Plano Real.
Logo após bater R$ 4,21, o Banco Central anunciou uma intervenção que derrubou a cotação da moeda americana. Às 13h50, o dólar era negociado R$ 4,1478, alta de 0,68%. A autoridade monetária anunciou a venda de 30 mil contratos de swap cambial em leilão extraordinário.
Em 24 de setembro de 2015, em meio a crescentes preocupações com o quadro fiscal e político do País, a moeda americana chegou a ser cotada a R$ 4,2480.
Na Argentina, o peso despencou 15,6% na manhã desta quinta, fazendo com que US$ 1 valesse 39 pesos argentinos, o maior patamar da história da moeda. Para tentar conter essa sangria, o banco central local elevou a taxa de juros de 45% para 60% – disparada, a maior taxa básica de juros do planeta.
Rumo à alta histórica
Às 12h30, o dólar avançava 2%, a 4,2005, depois de ter caído 0,43% na véspera, para 4,1197 reais. Na máxima de quarta-feira, a moeda foi a R$ 4,1646.
A máxima histórica de fechamento do dólar aconteceu em 21 de janeiro de 2016, quando a moeda fechou o dia cotada a R$ 4,1705. “Sem grande ‘ajuda’ do exterior, e ainda com dúvidas sobre as perspectivas políticas por aqui, o viés para os ativos locais, nesta sessão, é mais negativo”, disse a corretora Guide Investimentos em relatório.
No mercado internacional, o dólar operava em alta ante a cesta de moedas e subia forte ante divisas de países emergentes, com destaque para a lira turca, o rand sul-africano e a rúpia indiana.
Efeito “Fernando Haddad”
Internamente, o cenário eleitoral inspirava cautela nos investidores. A pesquisa DataPoder360 não trouxe um cenário muito diferente dos outros levantamentos, com Lula liderando a disputa e Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato do mercado, sem decolar.
Além disso, mostrou que se Lula tiver que abrir mão da candidatura para Fernando Haddad, este teria potencial de receber 8% de votos “com certeza”, enquanto 26% “poderiam votar” nele no caso de ser apoiado pelo ex-presidente. Ou seja, são grandes as chances de um segundo turno com a presença de um petista.
O levantamento do DataPoder360, realizada pelo portal “Poder360”, realizou 5.500 entrevistas por meio de telefones fixos e celulares de 24 a 27 de agosto. Foram atingidas 329 cidades em todas as 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O registro do estudo no TSE é BR-04538/2018.
“Se esses números forem reais, a chance do candidato do PT chegar ao segundo turno são grandes. Triste perspectiva para o mercado financeiro, que trabalha em um ambiente de alta volatilidade, pressão e especulação com o atual cenário eleitoral”, afirmou a Advanced Corretora em comentário.
É por essa razão que a possibilidade de julgamento na sexta (31) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da participação de Lula na propaganda de rádio e televisão está sendo acompanhada de perto pelos investidores e ajuda a trazer cautela nos negócios. O TSE também pode vir a decidir sobre as impugnações ao registro de candidatura de Lula. O petista está preso desde abril no âmbito da Operação Lava Jato.
O Banco Central brasileiro realiza nesta sessão leilão de até 4,3 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para concluir a rolagem do vencimento de setembro, no total de US$ 5,255 bilhões.
(com informações de agências noticiosas)