Dólar interrompe sequência de quedas e sobe com estresse doméstico
Mesmo que a manifestação não impacte diretamente o câmbio, agentes do mercado demonstram consternação com a greve dos caminhoneiros
atualizado
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Após três dias seguidos de queda, o dólar encerrou em alta ante o real nesta quinta-feira, 24, de desdobramentos da paralisação dos caminhoneiros, desvalorização do petróleo nos mercados futuros e estresse no exterior com o impasse entre EUA e Coreia do Norte. A moeda encerrou cotada a R$ 3,6402 em alta de 0,45% no segmento à vista.
O giro financeiro foi de, aproximadamente, US$ 759 milhões. Às 17h18, o contrato para junho do dólar estava em alta de 0,36% aos R$ 3,6425. A divisa dos EUA perdia valor em relação a moedas consideradas de segurança (-0,35% ante o franco suíço e -0,60% ante o iene japonês), enquanto o investidor ainda assimila o cancelamento da reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e exibia sinais mistos ante as emergentes.
“A desoneração tributária dos combustíveis eleva a possibilidade de causar algum estresse com a equipe econômica”, diz o estrategista da BGC Liquidez, Juliano Ferreira Neto. A eliminação da Cide e do PIS/Cofins sobre o diesel obrigará o governo a abrir mão de receita bilionária, segundo cálculo do especialista em contas públicas da Tendências Consultoria Integrada Fabio Klein.
Ferreira Neto destaca que a solução privada – uma eventual mudança na política de preços da Petrobras – também é um revés a um “avanço institucional enorme” é a independência gerencial da petroleira. Por fim, o estrategista da BGC afirma que a crise tem potencial para provocar efeitos nocivos como o aumento da inflação, dada a redução da oferta de mercadorias. “Depois, ainda pode vir um efeito cascata, que é o aumento da inflação de alimentos, a redução do nível de atividade, queda da produção da indústria”, disse.
Apesar de ter fechado em alta, a variação do dólar hoje foi considerada moderada. Na avaliação de dois operadores, essa moderação é resultado da “intervenção do Banco Central” via swaps cambiais. “Poderíamos estar bem piores. O câmbio está bem comportado muito em função da intervenção do Banco Central. Isso acomoda nossa performance ante os emergentes”, concorda Ferreira Neto.