Dólar fecha quase estável após cair nos últimos três pregões
Profissionais de câmbio dizem que é preciso novidades concretas sobre Previdência ou mudanças no exterior para a moeda ir abaixo de R$ 3,80
atualizado
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O dólar fechou praticamente estável nesta quarta-feira (13/3) dia marcado por ajustes após a moeda recuar 1,80% nos três últimos pregões. Profissionais de câmbio avaliam que é preciso novidades mais concretas sobre a reforma da Previdência ou mudanças positivas no exterior para a divisa americana cair abaixo de R$ 3,80, nível que tem se mostrado como importante resistência. Mas a visão de que as medidas previdenciárias devem avançar vem fazendo com que os estrangeiros continuem a desmontar posições contra o real no mercado futuro. Somente em quatro pregões, elas foram cortadas em US$ 2,5 bilhões. O dólar à vista fechou em R$ 3,8133, em leve baixa de 0,04%.
O diretor do Banco Paulista, Tarcisio Rodrigues Joaquim, ressalta que, apesar do otimismo com a Previdência, a tramitação no Congresso ainda está em fase muito inicial, sem desdobramentos mais concretos sobre como ficará a economia fiscal da reforma ou quando o texto será votado em cada Casa. Por isso, o dólar tem tido resistência em cair abaixo de R$ 3,80.
Nesta quarta será instalada a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o primeiro local onde a proposta vai tramitar. Sem maiores novidades aqui e no exterior, o executivo vê o dólar oscilando no patamar atual, entre R$ 3,80 a R$ 3,85. Também no aguardo dos desdobramentos, o risco-país medido pelo Credit Default Swap (CDS) ficou estável, em 156 pontos, considerando os papéis de 5 anos.
O banco americano Citi espera que a reforma da Previdência seja aprovada na Câmara no terceiro trimestre deste ano e que o aval no Senado venha no quarto trimestre. A chance de o texto não passar no Congresso é estimada em apenas 20%. O mais provável é que o texto aprovado traga economia fiscal de pelo menos R$ 500 bilhões em 10 anos, ou seja, uma redução em relação ao R$ 1,1 trilhão estimado pelo governo na proposta original.
Os dados de fluxo do Banco Central mostram que os estrangeiros retiraram US$ 1,9 bilhão em recursos do Brasil em março, até o dia 8. Mas esses números podem começar a se reverter. Após a Petrobras captar US$ 3 bilhões na terça, nesta quarta foi a vez de o Banco do Brasil emitir US$ 750 milhões, segundo fontes relataram ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Essas operações, ambas com demanda bem acima da oferta, devem levar outras empresas a acessar o mercado externo, avalia o diretor de um banco de investimento estrangeiro. Além das captações, o governo de Jair Bolsonaro faz na sexta-feira (15) um teste para saber o apetite de estrangeiros por ativos brasileiros, com o leilão de concessão de 12 aeroportos.