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Dólar em alta: Galípolo nega haver “ataque especulativo” do mercado

Para o futuro presidente do BC, “não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico e que faça ações coordenadas”

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida de Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, negou que exista algum “ataque especulativo coordenado” do mercado financeiro agindo sobre a disparada do dólar.

“Eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem. Eu acho que a gente pode estar explicando como o movimento vem acontecendo no mercado hoje”, disse Galípolo nesta quinta-feira (19/12), durante entrevista coletiva para detalhar os dados do relatório de inflação. A data também marcou a despedida do atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que entra em recesso nesta sexta-feira (20/12).

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No pregão desta quinta-feira, o dólar chegou a R$ 6,30 na máxima do dia. Ontem, a moeda norte-americana fechou em alta, cotada a R$ 6,26 – novo valor recorde na série histórica. Ainda na manhã de hoje, o BC fez duas intervenções, uma de US$ 3 bilhões e outra de US$ 5 bilhões.

Segundo o economista, “não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico”. Ou seja, na visão do futuro chefe do BC, não é uma coisa só que anda em um único sentido de forma coordenada.

“Basta a gente entender que o mercado funciona geralmente com posições contrárias. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores”, ressaltou.

Mais cedo, durante a mesma entrevista coletiva, o presidente Campos Neto disse que vê “saída atípica” de dólares no fim de ano. Segundo ele, o BC “tem muita reserva e vai atuar se for necessário”, reforçando que “não tem nenhum desejo do Banco Central de proteger nenhum nível de câmbio”.

Sobre os ataques especulativos contra o dólar, Campos Neto declarou não gostar da palavra “especulador”. Para ele, “o mercado é um conjunto de preços, que tenta refletir opiniões, que não são só de investidores financeiros, são de investidores do mundo real”. “Nós não olhamos nesse sentido”, completou.

“Estamos [diretoria do Banco Central] tentando ver se aquele movimento tem alguma disfuncionalidade, gap de liquidez, se alguma coisa num período que já tem um fluxo que está muito atípico.”

Galípolo: Lula e Haddad concordam

Aos jornalistas Galípolo assegurou que sua interpretação é “bem compreendida e aceita” nas interlocuções com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e, sobretudo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O próprio presidente da República concorda. Eu acho que  às vezes existe muito ruído do ponto de vista de comunicação e é normal que aconteça esse ruído. Mas acho que é importante esclarecer essa visão”, reforçou.

Embora Galípolo tenha alegado uma aceitação do primeiro escalão do governo federal, o ministro Haddad não descartou, nessa quarta-feira (18/12), a possibilidade de o dólar estar sofrendo ataques especulativos.

Ao ser questionado se a alta do dólar tem sido fruto de “ataques especulativos”, ele disse: “Pode estar havendo [ataques especulativos no dólar], não estou querendo aqui fazer juízo sobre isso, porque a Fazenda trabalha com os fundamentos. E esses movimentos mais especulativos são coibidos com a intervenção do Tesouro e Banco Central. Então, funciona assim”.

No entanto, Haddad reiterou que prefere “trabalhar com os fundamentos, mostrando a consistência do que nós estamos fazendo em proveito do arcabouço fiscal, para estabilizar isso”.

Confira a declaração do ministro:

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