Dólar dispara com redução da taxa Selic pelo BC e vai a R$ 4,16
Ibovespa apaga ganhos pós-Copom e fecha em queda com piora em Nova York
atualizado
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A decisão de Banco Central de reduzir a taxa Selic e sinalizar novos cortes pela frente, o que poderia levar os juros básicos da economia para abaixo de 5%, fez o real ser a moeda com pior desempenho ante a divisa norte-americana nesta quinta-feira (19/09/2019), considerando uma cesta de 34 moedas.
O corte das taxas em ritmo mais intenso que em outros países deixa o Brasil menos atrativo para investidores internacionais, por isso o desempenho pior aqui na comparação com outros emergentes, com operadores relatando saída de capital externo.
Para pressionar ainda mais o câmbio, a questão comercial entre Estados Unidos e China voltou a ganhar destaque, com notícias de disposição da Casa Branca de adotar mais tarifas sobre produtos chineses. No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 1,44%, a R$ 4,1628, o maior nível desde o dia 3 deste mês (R$ 4,1790).
O dólar começou o dia em alta e seguiu assim por todo o pregão. Profissionais do mercado de câmbio ressaltam que já se esperava que os cortes de juros fossem prosseguir pela frente, mas não a ponto de levar a Selic muito abaixo de 5%.
Rearranjo
Assim, foi preciso fazer um rearranjo das carteiras e das apostas dos investidores, pressionando as cotações. Uma das evidências é que, no mercado futuro, o volume de negócios chegou a US$ 20 bilhões, um dos mais altos dos últimos dias. No mercado à vista, foi a US$ 1,6 bilhão, também elevado.
“O Banco Central deixou claro que vai ter novas quedas e o mercado não tinha precificado esse movimento”, ressalta o gerente de Tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini.
Ao longo do dia, bancos nacionais e estrangeiros cortaram a previsão da taxa de juros e algumas instituições, como o francês BNP Paribas, veem a taxa básica caindo para 4,25%. Pellegrini não vê o dólar caindo para abaixo de R$ 4,00 no curto prazo e acredita que, passado esse primeiro dia após o anúncio do BC, o dólar deve ficar entre R$ 4,05 e R$ 4,10.
Ibovespa
A expectativa de que a taxa Selic siga em trajetória cadente e encerre o ano abaixo de 5% embalou os negócios no mercado acionário nesta quinta. Após certa euforia pela manhã, quando tocou momentaneamente os 106 mil pontos, o Ibovespa perdeu fôlego ao longo da tarde e – com uma piora acentuada na reta final do pregão – fechou em queda, abaixo dos 105 mil pontos.
Operadores atribuíram a degringolada do índice no fim do dia à virada das bolsas norte-americanas para o terreno negativo, em meio às preocupações com a guerra comercial sino-americana, e a um forte movimento de realização de lucros dos papéis dos bancos.
Após registrar máxima de 106.001,35 pontos na primeira etapa de negócios, aproximando-se do recorde histórico intraday (106.659 pontos, em 10 de julho), o Ibovespa fechou em queda de 0,18%, aos 104.339,16 pontos.