Dólar dispara 3%, com inflação pior e preocupação com próximo governo
Dados de inflação pioram no Brasil e nos Estados Unidos, e defesa do furo do teto de gastos assusta investidores estrangeiros
atualizado
Compartilhar notícia
O dólar registra alta de mais de 3% na manhã desta quinta-feira (10/11), alcançando a casa dos R$ 5,34, o maior patamar desde a véspera do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras. No radar do mercado está a piora dos dados de inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e as negociações da equipe de transição do governo Lula para furar o limite do teto de gastos.
Logo cedo, o IBGE divulgou os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que revelaram uma alta de 0,59% na inflação de outubro. O dado reverteu três meses de queda do índice de preços, e acendeu o alerta no mercado de que os juros devem permanecer em patamares elevados por mais tempo que o esperado.
Também pela manhã, os Estados Unidos informaram os números do CPI, o principal índice de inflação do país. Embora o dado tenha vindo ligeiramente abaixo do esperado, a pressão inflacionária sobre os custos de habitação, alimentação e transportes continua presente. Isso é um indício de que o Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, seguirá elevando a taxa de juros no país, o que reduz a atratividade de ativos em mercados emergentes, como o Brasil e estimula o fluxo de saída de dólares do mercado local.
Além das preocupações com a inflação, os investidores estrangeiros veem com cautela as negociações do próximo governo para aprovar uma espécie de “licença” para furar o teto de gastos. Nas contas estimadas, a equipe de transição de Lula deve propor uma faixa de gastos na ordem de R$ 200 bilhões fora do limite constitucional de despesas do governo federal.
“A indefinição sobre a equipe econômica do governo Lula e o discurso forte no sentido de furar o teto de gastos podem pressionar o risco-Brasil, e isso impacta diretamente o dólar”, avaliou Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.