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Por que o dólar teve a maior alta diária desde o “Joesley Day”?

Dólar encosta em R$ 5,40 e bolsa cai 3% após Lula colocar em xeque a continuidade do teto de gastos e das políticas de controle fiscal

atualizado

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Notas de dólar
1 de 1 Notas de dólar - Foto: EBC

O dólar encostou em R$ 5,40 nesta quinta-feira (10/11), com o mercado reagindo às falas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o teto de gastos. Foi o maior salto diário da moeda americana desde o dia 18 de maio de 2017, quando as gravações do ex-presidente Michel Temer e Joesley Batista foram divulgadas.

Mais cedo, Lula defendeu que política sociais sejam consideradas prioridade, em detrimento ao cumprimento das regras fiscais.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gastos?”, questionou o político petista.

Na sequência, o futuro presidente reclamou do corte de recursos de programas sociais para cumprir as regras fiscais, e disse que vai propor uma mudança para classificar tais despesas como “investimentos”.

A fala aumentou o pessimismo dos investidores em relação ao compromisso do governo com a disciplina fiscal, uma vez que foi a primeira vez que Lula falou abertamente sobre alterar o teto de gastos. Até aqui, as discussões da equipe de transição tratavam de um “perdão” temporário para despesas acima do teto, na ordem de R$ 200 bilhões em 2023.

“São promessas que parecem mais o Lula com cara de Dilma, do que o Lula com cara do primeiro governo dele. E o que ventila de nomes que farão parte do governo, principalmente na Fazenda, Economia e Planejamento, não agradam tanto”, avaliou Paolo Di Sora, sócio da gestora RPS Capital.

Os nomes do futuro governo também não ajudaram, uma vez que farão parte da equipe da transição os ex-ministros da Fazenda do governo Dilma Nelson Barbosa e Guido Mantega – o último foi anunciado no final da tarde, o que serviu para piorar os ânimos na reta final das negociações do mercado.

Mercado internacional contribui

No exterior, os dados de inflação dos Estados Unidos impactaram de forma positiva as bolsas. Os índices de ações americanos encerraram o dia com alta em torno de 5%.

O CPI, principal indicador de preços do país, veio abaixo do esperado, o que contribuiu para a expectativa de que os juros podem não subir tanto quanto as estimativas no mercado americano. Esse quadro estimula a saída de investimento estrangeiro do país, o que também pressiona o dólar no Brasil.

Bolsa despenca

Já a bolsa brasileira caiu nesta terça-feira, reagindo ao clima político e aos dados de inflação locais. O Ibovespa, índice que reúne as principais ações do mercado, caiu 3,6%, no pior dia desde março de 2022.

Por aqui, os dados de inflação de outubro vieram acima do esperado e contribuíram para uma visão mais pessimista para a política monetária no país.

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