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Dívida pública pode chegar a 92% do PIB em 2023, preveem especialistas

Além disso, economistas projetam retomada da queda do rombo nos cofres públicos somente a partir de 2024

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Uma das principais consequências econômicas das novas metas fiscais será o aumento da dívida pública. O rombo bilionário anunciado até 2020 indica que o governo vai permanecer sem dinheiro para pagar todas as contas e terá de pedir dinheiro emprestado continuamente pelos próximos anos. Economistas preveem que a dívida deve crescer até 2023 e começará a cair somente em 2024.

As contas do governo não fecham desde 2014. Naquele ano, faltaram R$ 20,5 bilhões no caixa — o chamado déficit primário — porque a arrecadação de impostos não bastou para cobrir todos os gastos da União. Desde o pagamento de aposentados até investimentos em ciência. O rombo cresceu, superou R$ 159 bilhões no ano passado e deve ficar nesse patamar até 2018.

Como em uma família que pede dinheiro emprestado seguidamente para pagar contas do dia a dia, o endividamento do governo disparou. De 2006 a 2014, a dívida bruta oscilou entre o equivalente a 50% e 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Em dezembro de 2014, a dívida estava em 56,3% do PIB. Um ano depois, saltou para 65,5%, tocou os 70% no fim de 2016 e já está perto de 75% do PIB.

A Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, calcula que a dívida continuará crescendo até o pico de 92,4% do PIB em 2023 para, então, começar gradual melhora.

O economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, concorda e prevê que o governo só voltará a terminar o ano com dinheiro em caixa (superávit primário) em 2024. Ele destaca a necessidade de sobra de 3% a 3,5% do PIB no caixa para baixar o endividamento.

Na opinião do economista José Márcio Camargo, professor da PUC/Rio, se a reforma da Previdência não for aprovada o país dificilmente voltará a ter superávit primário.

“A Previdência, como é hoje, sempre tem déficit e absorve qualquer superávit, ou seja, vamos ficar enxugando gelo”, alerta Camargo. Para ele, “o déficit primário hoje é muito menos importante do que a reforma da Previdência pois, sem ela, será insustentável.”

Inflação
A mudança das metas fiscais não deve alterar o trajeto da inflação e dos juros, e ambos devem continuar caindo, prevê Camargo. “A inflação deve terminar o ano perto de 3,5%, pois sua dinâmica não depende de déficit público, mas da taxa de desemprego alta, do cenário internacional tranquilo, do câmbio estável e da safra agrícola grande”, projeta.

Especialista em contas públicas, Raul Velloso acrescenta que haveria impactos somente se o risco país subir e afetar o câmbio, o que pressionará a taxa de juros para cima, o que causaria um efeito recessivo maior do que já está ocorrendo hoje. Na opinião de Velloso, os mercados vão esperar para ver o que o governo fará nas próximas semanas.

“Se tudo o que o governo anunciou der certo, conseguirá que o déficit não suba ainda mais e pode também passar a percepção de que a equipe econômica conseguiu resistir à sanha dos políticos (que queriam uma meta fiscal ainda maior)”, ponderou Velloso.

Drama
Para o ex-presidente do BNDES e economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, os gastos do governo com juros vão cair, “o que é um fato positivo”. Ele afirma que não vê “o drama que muita gente está vendo com o anúncio da mudança da meta”, necessária para o país atingir uma situação fiscal melhor.

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