Desaceleração da inflação pode influenciar alta gradual da Selic
A prévia da inflação ficou em 0,13% em setembro, após taxa de 0,19% registrada em agosto — o que representa uma desaceleração de 0,06 p.p.
atualizado
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Economistas acreditam que a desaceleração da inflação poderá influenciar uma alta gradual da taxa básica de juros do país, a Selic, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcadas para novembro e dezembro.
A prévia da inflação ficou em 0,13% em setembro, após taxa de 0,19% registrada em agosto — o que representa uma desaceleração de 0,06 ponto percentual.
Enquanto, em agosto deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, apresentou desaceleração e os preços caíram 0,02% — primeiro resultado negativo desde junho de 2023, quando o índice registrou queda de 0,08%.
Economistas apostam em aumento gradual dos juros
Aumentar a Selic é uma manobra do Banco Central para conter a inflação, o que resulta em redução do consumo e dos investimentos no país. Enquanto que cortar a taxa de juros significa estimular a atividade econômica, com alta no consumo e investimentos.
Para o analista econômico Sidney Lima, como a expectativa do mercado, de alta de 0,29% em setembro, “não se concretizou”, isso pode influenciar as próximas decisões de política monetária, principalmente em relação à trajetória dos juros.
“O Banco Central pode considerar essa desaceleração como um sinal positivo, não sendo tão agressivo no aumento dos juros”, diz ele.
O economista Carlos Braga Monteiro também acredita que o cenário atual, de queda dos preços no país, será um fator discutido nas próximas reuniões do Copom, o que pode levar a diretoria a sugerir que novos aumentos da taxa Selic “sejam feitos de forma gradual”.
Monteiro e Lima reforçam que é necessário observar se a desaceleração da inflação no país ocorre de forma isolada ou faz parte de uma tendência mais ampla.
“O cuidado em analisar esses dados será fundamental para qualquer ajuste na política monetária futura”, afirma Monteiro.
O economista Fábio Murad analisa que, embora positivo, a prévia da inflação será analisada “com cautela” pelo Copom nas próximas decisões sobre os juros. Segundo ele, será considerado o “equilíbrio delicado entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico”.
BC indica novas elevações da taxa Selic
Na semana passada, o comitê decidiu, por unanimidade, elevar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, ficando fixada em 10,75% ao ano — o primeiro aumento da Selic no governo Lula (PT).
Na ata da reunião do Copom realizada em 17 e 18 de setembro, a diretoria do BC informou que a alta dos juros está ligada ao “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
O comitê ainda ressaltou, no texto, que o início do ciclo de elevação da Selic deveria ser “gradual” para, por um lado, acompanhar a inflação em um “contexto de incertezas”.
Mesmo não indicando próximos passos, a expectativa é de que o colegiado do Banco Central volte a elevar a taxa de juros nas próximas duas reuniões (de novembro e dezembro) do Copom.
Calendário do Copom para 2024
Novembro
- Reunião do Copom: 5 de novembro
- Reunião do Copom: 6 de novembro
- Divulgação da ata do Copom: 12 de novembro
Dezembro
- Reunião do Copom: 10 de dezembro
- Reunião do Copom: 11 de dezembro
- Divulgação da ata do Copom: 17 de dezembro
Mercado prevê outros aumentos na taxa de juros
Segundo o relatório Focus mais recente, publicado nessa segunda-feira (23/9), os analistas do mercado financeiro estimam que a Selic cresça até o fim de 2024.
Para eles, a taxa subirá dos atuais 10,75% para 11,50% ao ano. Ou seja, o mercado espera que o Copom aumente os juros do país nas próximas reuniões do comitê.