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Denúncias no Inmetro sobre acidentes de consumo caem 32,1% em 2020

No ano passado, foram registrado 144 relatos no sistema Sinmac, o menor número de toda a série histórica, iniciada em 2013

atualizado

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Arquivo pessoal
geladeira electrolux
1 de 1 geladeira electrolux - Foto: Arquivo pessoal

O número de denúncias sobre acidentes de consumo feitas ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) caiu 32,1% em 2020 e atingiu o menor nível da série histórica, iniciada em 2013.

Foram registrados 144 relatos no ano passado. Já em 2019, houve 212 denúncias. Os dados, do Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (Sinmac), foram levantados a pedido do Metrópoles.

Ativo há oito anos, o Sinmac recebeu o maior número de denúncias sobre esses acidentes em 2014, quando foram relatados 573 problemas. Em 2015, o sistema apresentou o segundo maior pico, com 541 queixas.

Na prática, acidentes de consumo ocorrem quando um produto ou serviço prestado provoca dano ao consumidor, quando utilizado ou manuseado mesmo de acordo com as instruções de uso do fornecedor.

Logo, ocorre quando há uma falha ou defeito do produto, ou quando ele não atende ao nível de segurança esperado. É o que explica a chefe da Divisão de Vigilância de Mercado (Divig), Karine Murad.

“Acidentes de consumo podem ter várias consequências e efeitos colaterais, como impacto na produtividade de trabalhadores e no custo de sistema de saúde, além de danos sociais”, assinala a especialista.

Dobradiça quebrada

Isso aconteceu com a internacionalista (formada em relações internacionais) Tatiana Stender, de 39 anos, que mora no Rio de Janeiro (RJ). A porta da geladeira dela (imagem em destaque) caiu – literalmente – em maio do ano passado.

O acidente aconteceu a poucos metros da filha dela, na época com 5 anos, o que deixou a mãe nervosa. “Poderia ter causado um acidente grave. Por sorte não caiu quando minha filha estava abrindo”, conta a mulher.

“Eu fiquei me tremendo inteira”, prossegue. Na ocasião, Tatiana estava grávida de sete meses. Após o acidente, ela escorou a pesada porta na parede, até que o marido chegasse para levantar o equipamento.

“Meu marido, quando chegou, colocou a porta de volta no lugar e evitamos abri-la, mas eu estava com medo de passar e ela cair de novo”, comenta a mãe das crianças. A dobradiça da porta havia quebrado.

A geladeira, de cinco anos, tinha acabado de estourar o prazo de garantia. O casal comprou o equipamento ao se mudar para um novo apartamento. Após ouvir outros relatos, Tatiana percebeu que o problema é comum.

“Conseguimos, nesse meio tempo, achar um rapaz que conserta geladeira. Compramos a peça no Mercado Livre. Fiquei três dias tentando contato com a assistência técnica, mas desisti. Mandaram um ‘sinto muito'”, diz.

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Porta da geladeira de Tatiana caiu em maio do ano passado: "Abusrdo"
Porta da geladeira de Tatiana caiu em maio do ano passado: "Abusrdo"
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Porta da geladeira de Tatiana caiu em maio do ano passado: "Abusrdo"

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Porta da geladeira de Tatiana caiu em maio do ano passado: "Abusrdo"

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Porta da geladeira de Tatiana caiu em maio do ano passado: "Abusrdo"

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Eletrodomésticos – como a geladeira de Tatiana – são a família de produtos que mais causou acidentes, segundo o banco de dados do Sinmac. Entre 2013 e 2020, 17,6% dos relatos foram sobre esses tipos de produtos.

Em seguida, aparecem: produtos infantis (16,3%); utensílios domésticos (12,3%); embalagens (9,1%); mobiliários (6,3%); serviços (6,3%); aparelhos elétricos (6,1%); veículos (6,1%); construção civil (3,1%) e alimentos (2,7%).

Mais especificamente, fogão é o produto que mais causou acidente ao longo dos últimos oito anos, com 6,3% do total. As segunda e terceira colocações são ocupadas por brinquedos (4%) e escadas (3,4%).

Implosão

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em fevereiro do ano passado, em frente a um mercado em Guarujá (SP), ter decidido “implodir” o Inmetro e anunciou a demissão de toda a diretoria do órgão.

“Implodi o Inmetro. Implodi. Mandei todo mundo embora. Por quê? Há poucos meses assinaram portaria para trocar tacógrafos. Em vez de ser o normal que está aí, inventaram um digital”, disse o chefe do Executivo.

O tacógrafo é um dispositivo empregado em veículos para monitorar, por exemplo, o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade desenvolvida. Para Bolsonaro, o Inmetro teria prejudicado taxistas.

Karine Murad, da Divig, nega qualquer relação entre a implosão adotada pelo presidente Jair Bolsonaro no início do ano passado e a queda do número de relatos registrados no sistema da autarquia federal.

“Os números de relatos oscilam de ano para ano, sem que tenha uma explicação técnica para isso. Também temos que considerar que 2020 foi um ano atípico por causa da pandemia da Covid-19”, afirma.

Ela considera importante que o consumidor não deixe de relatar os acidentes para que agentes públicos e privados possam tomar decisões por mais segurança e, no caso do Inmetro, aperfeiçoar regulamentos.

“Além de ações regulatórias, o Inmetro realiza campanhas educativas para que sejam disponibilizados produtos e serviços mais seguros para a sociedade”, explica a chefe da Divisão de Vigilância de Mercado.

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