A cada 4 trabalhadores que vão sacar FGTS, um vai investir. Veja opções
O uso da poupança deverá ser maior entre consumidores com uma faixa de renda elevada, diz pesquisa do Ibre/FGV
atualizado
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Apesar de o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ser considerado hoje um dos investimentos conservadores com maior rentabilidade, um a cada quatro trabalhadores que pretendem aderir ao saque emergencial vão guardar o recurso na poupança para usá-lo no futuro.
Essa constatação faz parte de levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). A pesquisa foi divulgada nessa última sexta-feira (31/7).
De acordo com o estudo, 60% das famílias que possuem direito ao saque emergencial do FGTS vão retirar o dinheiro, que pode chegar a R$ 1.045 por pessoa. Dessa parcela, 40% vão usar o recurso para quitar dívidas, 26% vão colocar na poupança e 23% vão gastar com bens e serviços.
O uso da poupança (recursos guardados de alguma forma visando utilização no futuro) é maior entre consumidores com uma faixa de renda elevada. Só 20% das pessoas que ganham até R$ 2,1 mil por mês irão sacar o dinheiro para guardar. Já para quem recebe mais de R$ 9,6 mil mensais, a taxa é de 37,5%.
“O grande problema do FGTS é a falta de liquidez. O que é isso? Não conseguir acessar o dinheiro quando bem entende, pois tem alguns pré-requisitos para sacar. Ou seja, o trabalhador não tem esse dinheiro a seu bel prazer”, diz a planejadora financeira CFP da Libratta, Gabriela Vale.
Ela recomenda o saque emergencial nos casos em que a pessoa esteja endividada ou que não tenha uma reserva financeira de liquidez. No entanto, ela diz ser necessário que o trabalhador esteja ciente da importância do FGTS.
“Se ele está pegando o FGTS agora, está deixando de guardar para o futuro. Então tem que usar esse dinheiro com muita sabedoria”, afirma.
Onde guardar?
A planejadora financeira CFP Ana Lúcia, mestre em negócios internacionais, afirma que caso a pessoa decida sacar e guardar o dinheiro, existem outras alternativas um pouco mais interessantes que a Poupança, que rende hoje 70% da taxa Selic mais a taxa referencial (TR): cerca de 1,6% ao ano.
Ela considera necessário que as pessoas, ao fazerem uma reserva financeira, analisem três pontos. São eles o risco, o retorno e a rentabilidade dos investimentos. “Uma pessoa mais conservadora poderia tentar em um Tesouro Direto pré-fixado com vencimentos mais curtos”, afirma a especialista.
“O valor acaba sendo mais interessante até para entrada. Como a liquidez do Tesouro Direto é diária, não tem mais a desculpa da Poupança. O Tesouro Nacional compra diariamente os títulos, então não perde aquela rentabilidade acumulada, o que pode acontecer com a Poupança”, completa.
Ao reforçar a funcionalidade do FGTS, o coordenador do MBA de gestão financeira da FGV, Ricardo Teixeira, explica que à medida que a pessoa vai tendo uma quantidade maior de dinheiro e quer fazer uma aplicação, pode pensar em trabalhar com fundos que tenham uma taxa de administração que seja baixa, em torno de 0,5% ou algo do tipo.
“Quanto mais líquida for a posição, quanto mais fácil for resgatar o dinheiro, melhor. Ou seja, à medida vai tendo mais dinheiro e pode não precisar desse valor, pode ir para aplicações que tenham um prazo de resgate um pouco maior”, explica o especialista, que ressalta também a possibilidade de se investir em CDBs.
“Dependendo de quanto se tem, pode colocar também em CDBs de bancos com liquidez diária, que vão dar uma rentabilidade parecida com a do Tesouro Direito. Mas lembre que isso é o dinheiro da aposentadoria, de quando for demitido, então não gaste: aplique”, finaliza.