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Covid-19: devido à crise, estadias mais longas na Airbnb têm aumento de 24%

Mesmo sem estimular a quebra da quarentena, a empresa afirma que hóspedes estão procurando imóveis para ficar entre um e dois meses

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A pandemida do novo coronavírus impactou profundamente todos setores da economia mundial e o turismo foi um dos mais afetados. Viagens foram deixadas de lado nesse momento de isolamento social. Dessa forma, quem fatura com hospedagem contabiliza prejuízos. É o caso da Airbnb, plataforma digital que organiza e oferece hopedarias, principalmente em casas de família.

Como reflexo da nova realidade, a empresa e seus anfitriões tiveram que se readequar. De acordo com a Airbnb, tem havido, em diversos centros urbanos do Brasil, um aumento da demanda de hóspedes por estadias mais longas nos mesmos municípios em que moram. O objetivo é o de preservar a saúde das pessoas que fazem parte do grupo de maior risco para a Covid-19.

Entre os perfis dos hóspedes neste momento de coronavírus, estão idosos, famílias em busca de mais espaço para que as crianças possam fazer suas tarefas enquanto os pais trabalham de casa e estudantes universitários que precisam se acomodar enquanto escolas estão fechadas.

No endereço eletrônico da plataforma, o aviso é claro: “Os anfitriões do Airbnb não podem fazer nenhuma referência ao coronavírus ou quarentena nos títulos de seus anúncios”. Mas, na prática, não há como fugir disso.

“No país, em março, o número de reservas mais longas (acima de 28 dias) foi 24% maior que no mesmo mês do ano passado. No mundo todo, cerca de 80% dos anfitriões estão aceitando reservas desse tipo e cerca de metade das acomodações da Airbnb agora tem descontos para períodos de permanência de um mês ou mais”, ressalta a empresa.

O perfil mudou

Lídia Vasconcelos é anfitriã de três apartamentos, dois em Brasília (DF) e um em Vitória (ES). Ela afirma que, mesmo com a pandemia, os pedidos continuam chegando com frequência e nenhum imóvel ficou desalugado.

“A diferença agora é que são locações de mais tempo, não mais para temporada de 5 ou 7 dias, como era antes. O perfil mudou, são pessoas querendo locar por um mês ou dois”, afirma Lídia.

A anfitriã também conta que desse jeito ficou até melhor para quem trabalha no ramo. “É menos trabalhoso, pois não tenho que fazer a preparação do imóvel e a recepção a cada semana”, comenta.

Ela conta que um de seus hóspedes resolveu fazer o isolamento em um Airbnb com o objetivo de proteger os pais, que já são idosos.

“Ele é fotógrafo e sempre está viajando. Ficou um mês em São Paulo e, quando retornou a Brasília, ficou preocupado com os parentes e optou pela quarentena em um lugar que não fosse o ambiente familiar”, relata a anfitriã.

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Airbnb
Sala do apartamento de Porto-Seguro
Um dos quartos do apartamento de Porto-Seguro
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Sala do apartamento de Porto-Seguro

Arquivo Eduardo Otaviano
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Um dos quartos do apartamento de Porto-Seguro

Arquivo Eduardo Otaviano
Varanda Fest

Lídia Vasconcelos também ressalta que todos os comunicados que os condomínios enviam são repassados aos hóspedes, como optar pelo uso das escadas, só utilizar o elevador com pessoas da mesma família e usar máscara nas áreas comuns.

A anfitriã também conta que o prédio em que tem um imóvel em Vitória proibiu alugar por temporada curta, justamente para não ter tanta rotatividade.

Fora essas recomendações, Lídia também repassa boas notícias, como o projeto “Varanda Fest”, uma iniciativa dos moradores do condomínio de Águas Claras (DF), para trazer cultura e alegrar as pessoas em meio à quarentena.

“Os artistas do condomínio se inscrevem para se apresentarem aos domingos. Durante duas ou três horas há uma apresentação na área em que fica a piscina e os condôminos ficam assistindo da varanda, comendo uma pipoca ou tomando um vinho. Todo mundo se alegra, já que lá a maioria dos moradores é formada por solteiros ou casais sem filhos”, ressalta.

Praias fechadas

Em Porto-Seguro (BA), o anfitrião Eduardo Otaviano optou por não receber hóspedes neste momento, mesmo tendo muita demanda. “Muitas famílias me procuraram, falando que precisavam sair um pouco de casa. Elas me solicitaram mais de um mês no meu apartamento”, afirma Eduardo.

Porém, para conter a Covid-19, os governantes e a população de Porto Seguro tomaram algumas iniciativas: “O meu condomínio proibiu a chegada de novos hóspedes e a praia da cidade estava interditada. Sendo assim, expliquei a situação e os possíveis hóspedes entenderam”.

Eduardo estima que o prejuízo que teve por conta do coronavírus se aproxima dos R$ 5 mil. O proprietário também conta que no final do mês de março e abril teve seis cancelamentos e crê que ao decorrer do tempo terá mais. “Porém, agora a Airbnb está restituindo 25% do valor que foi perdido totalizaram”, ressaltou o anfitrião.

Só no Ano Novo

Roberto Campos é anfitrião de dois apartamentos em Copacabana (RJ). Com um prejuízo de cerca de R$ 9 mil por mês, ele conta que só abrirá em janeiro de 2021. “Eu loco apartamento há mais de cinco anos. Se não fosse a pandemia, eu estaria com os dois locais alugados. Esse período é maravilhoso para locar”, diz o anfitrião.

Com otimismo, Roberto acredita que o próximo ano será muito bom para os anfitriões. “O pessoal está cansado de ficar em casa. Quando isso tudo acabar, eles irão querer sair, viajar, passear”, destaca

Ele também ressalta alguns benefícios de se alugar um imóvel para passar um tempo pós-quarentena: “Alugando um apartamento, a pessoa tem mais liberdade, dá para juntar uma galera. Aqui cabe até cinco pessoas. Aautonomia é diferente quando comparada a um quarto de hotel”, ressalta.

Bem-estar de anfitriões e hóspedes

A Airbnb afirma que está monitorando de perto as notícias e as orientações oficiais sobre o coronavírus. O objetivo, reitera, é de apoiar a comunidade no mundo inteiro, “priorizando a segurança e o bem-estar de anfitriões e hóspedes”.

Para enfrentar a crise, a empresa fez um empréstimo de US$ 1 bilhão junto a investidores internacionais. Esses recurso, diz a empresa, irão garantir que a plataforma continue investindo na comunidade de anfitriões e hóspedes em mais de 220 países e regiões no mundo todo.

No dia 30 de março, o CEO Brian Chesky anunciou a criação de um fundo global de US$ 250 milhões para ajudar os anfitriões a cobrir o custo dos cancelamentos relacionados à pandemia de coronavírus.

Também foi criado outro fundo global destinado aos “superhosts”, anfitriões mais experientes e bem avaliados da plataforma, no valor de US$ 17 milhões.

Além disso, a empresa vai oferecer um subsídio único de até US$ 5 mil sem necessidade de devolução, aos superanfitriões que oferecem suas casas como acomodação e precisam de ajuda para pagar aluguel ou financiamento, além de anfitriões de mais antigos.

Sem taxa de cancelamento

O Airbnb também deixou de cobrar, de anfitriões e hóspedes, todas as taxas de serviço em cancelamentos relacionados à Covid-19 contemplados na sua Política de Causas de Força Maior.

A plataforma afirma que, “embora esteja claro que o coronavírus terá impacto no segmento de viagens e turismo globalmente, essa indústria é umas das maiores e mais resilientes do mundo. E vai se recuperar, pois o desejo de viajar e ter novas experiências é permanente”.

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