Cortes de despesas vão afetar tropa estratégica do Exército
Força não terá expediente às segundas-feiras de setembro, com economia esperada de R$ 10 milhões; escolas e hospitais serão preservados
atualizado
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Não vai ter expediente no Exército na segunda-feira. A medida foi adotada pelo comandante da Força, general Edson Pujol, como forma de economizar os gastos discricionários da instituição. O comando do Exército prevê economizar cerca de R$ 2 milhões por dia em cada uma das cinco segundas-feiras do mês de setembro, período em que a medida foi adotada.
O Exército teve 28% de seus gastos discricionários contingenciados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A medida preventiva foi tomada em razão da estimativa de rombo de R$ 139 bilhões nas contas do governo deste ano.
O corte de gastos deve afetar até mesmo as cinco brigadas classificadas como forças de emprego estratégico: a Brigada de Infantaria Paraquedista (com sede no Rio e subordinada ao Comando Militar do Leste), a 12.ª Brigada de Infantaria Aeromóvel (com sede em Caçapava, no interior paulista, e subordinada ao Comando Militar do Sudeste), a 23.ª Brigada de Infantaria de Selva (com sede em Marabá, no Pará, e parte do Comando Militar do Norte), a 5.ª Brigada de Cavalaria Blindada (Ponta Grossa, Paraná, no Comando Militar do Sul) e a 4.ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (em Dourados, em Mato Grosso do Sul), subordinada ao Comando Militar do Oeste.
A economia estimada de R$ 10 milhões em setembro não deve cobrir a necessidade de contingenciamento do Exército até o fim do ano, caso novas verbas não sejam liberadas em setembro pelo Ministério da Economia. Devem ser ainda afetados o trabalho de segurança na faixa de fronteira do País e os pelotões que lá trabalham, inclusive na região amazônica.
Mas um general disse que o Exército vai “priorizar algumas coisas”. Assim, devem ser atingidos pelo contingenciamento – ainda que de forma menor – setores como o Comando de Aviação Militar – que completou cem anos no sábado. Com sede em Taubaté, em São Paulo, o comando enviou na semana passada duas aeronaves a Porto Velho (RO) para ajudar no combate aos incêndios na Amazônia – um Jaguar e um Puma.
Um general afirmou que os cortes podem afetar horas de voo, que é algo caro. A Brigada Aeromóvel, por exemplo, desloca-se em helicópteros. O mesmo pode acontecer com a Brigada Paraquedista. O treinamento e a capacitação dos pilotos e a manutenção das aeronaves, no entanto, serão preservados, pois não podem parar.
Expediente dos hospitais e escolas do Exército não terá alterações
De acordo com os generais consultados pelo Estado, devem ser poupados do corte de um dia de expediente nas casernas os hospitais do Exército e suas escolas, como a Academia Militar das Agulhas Negras, a Escola de Comando e Estado-Maior (Eceme) e outros centros essenciais para o funcionamento do Comando do Exército. Todos os generais afirmaram que não haverá – como muitas vezes é dito – cortes na alimentação da tropa. Segundo um general, esse é um gasto obrigatório que já foi feito e a comida está estocada.
Os generais lembraram ainda que a situação do Exército não é única. Os cortes também afetam as outras Forças. A Marinha, por exemplo, teve 100% do projeto de novas corvetas paralisado. No Ministério da Defesa, o congelamento da verba discricionária chegou a 44%. Os generais dizem ter consciência de que a situação fiscal do País não é boa e não há mágica a fazer.
Caso não receba as verbas contingenciadas, o Comando do Exército estuda prorrogar o fim do expediente às segundas-feiras até o fim do ano, o que poderia gerar uma economia de cerca de R$ 52 milhões. A mudança deve afetar, de acordo com os generais, a rotina apenas da tropa que está aquartelada. Isso significa que as tropas que estão envolvidas em operações, como os 500 homens de diversas unidades que o Comando Militar do Sul (CMS) enviou para a Operação Acolhida, em Roraima, não sofrerão com o corte de verbas.