Corridas em apps de táxi caem 56,8% após chegada da Uber no Brasil
Pesquisa do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) revela crescente rivalidade entre as duas categorias
atualizado
Compartilhar notícia
Maior empresa de transporte privado de passageiros em operação no Brasil, a Uber provocou uma redução de 56,8% no número de corridas em aplicativos de táxi após o início da sua operação no país. Os dados são de um estudo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), divulgado nesta quinta-feira (12/4), que analisou a concorrência entre os serviços em 590 municípios, de 2014 a 2016.
A pesquisa aponta que parte dos usuários de aplicativos de táxi migrou para a Uber após a entrada do app no Brasil: para cada 1% de aumento no número de corridas da empresa, as de táxi caíram cerca de 0,09%. “Além de conquistar usuários de outros modais de transporte que não utilizavam serviços de aplicativos de táxi, a Uber também rivalizou com os serviços de aplicativos de táxi, conquistando parte de seus usuários”, diz o documento.Em atividade no Brasil desde 2014, a Uber teve seu funcionamento regulamentado apenas em 28 de fevereiro deste ano, após a aprovação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados. A tramitação do texto no Congresso provocou protestos de taxistas e motoristas de app em várias cidades brasileiras.
O impacto da Uber sobre os táxis foi menor nas capitais. O estudo revela uma redução de 36,9% em grandes centros urbanos. Nessas cidades, a concorrência provocou uma reação dos taxistas, que passaram a oferecer descontos e promoções aos usuários. De acordo com a pesquisa, houve uma diminuição de 7,8% no valor médio pago por quilômetro em táxis de aplicativo.
Ou reduz ou perde
Em capitais do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, a chegada da Uber reduziu em 26,1% o número de corridas de aplicativos de táxis. Segundo o estudo, a taxa menor do que a média nacional pode ser explicada pela estratégia a longo prazo utilizada pelos taxistas, que baixaram 12,1% o valor médio pago por quilômetro durante o período analisado.
O presidente do Sindicato dos Taxistas do Distrito Federal (Sinpetaxi-DF), Sued Silvio, classifica a concorrência com a Uber como “desleal”. “Infelizmente, com a crise econômica no país, temos muitas pessoas desempregadas que se sujeitam a trabalhar por mais de 10 ou 12 horas por dia e ganhando pouco. O trabalhadores da Uber pagam 25% da corrida para a empresa e acabam ganhando pela quantidade, já que suas viagens são bem baratas. Os taxistas são autônomos, ganham 100% da corrida e não podem exercer outra atividade”, diz.
Sobre a rivalidade e o confronto entre os motoristas dos dois serviços, Silvio é categórico e propõe uma solução: “Todos só queremos trabalhar e ganhar nosso dinheiro de forma honesta. O ideal seria o governo criar um aplicativo e fiscalizar quem são as pessoas responsáveis pela segurança dos passageiros”.