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Mobilidade: corridas por ofertas crescem na Black Friday

Na temporada, clientes fazem mais viagens a comércios que oferecem descontos. Pesquisas no Google por esses destinos também aumentam

atualizado

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1 de 1 Compras - Foto: Leonardo Arruda/Especial Metrópoles

O início da temporada de grandes ofertas em comércios e serviços no fim do ano é sinônimo de renda extra e trabalho dobrado para o vendedor Antônio de Castro Lima, 37 anos, morador de Taguatinga.  Durante a semana, ele atende os clientes de um movimentado comércio em Ceilândia, onde os meses de novembro, dezembro e janeiro já são normalmente concorridos e repletos de ofertas. Nos fins de semana, assume o volante como motorista de aplicativos de transporte.

“A loja onde trabalho não costuma entrar na Black Friday, mas o fim de ano é cheio de promoções. No aplicativo, sempre há ofertas. E aumentam muitas as corridas para shoppings e lojas que oferecem descontos em eventos como a Black Friday e no fim de ano”, detalha.

De olho nas comissões pelos produtos vendidos e na tarifa cheia das corridas, devido ao aumento no total de viagens para determinados destinos, ele dobra as horas trabalhadas. “Nessa época, praticamente fico o tempo todo na rua. Quando não estou atrás do balcão na loja onde trabalho, estou ao volante. A renda extra compensa”, garante.

Um fenômeno medido em números. Dados do aplicativo de navegação Waze indicam aumento de 68% nas viagens que têm estabelecimentos varejistas como destino final durante a Black Friday, em comparação com dias comuns.

Os segmentos com maior fluxo de visitas no período são lojas de departamento (aumento de 143%), móveis e decoração (+106%) e livrarias (+88%). Supermercados, shoppings e concessionárias também estão entre os mais procurados.

“Jogando no Google”
No período, as pessoas também pesquisam mais sobre produtos em oferta e estabelecimentos com grandes promoções. Estudo do Google com a consultoria Provokers registra que apenas 6% dos consumidores não fazem buscas antes de fechar uma compra, e revela aumento na procura por palavras chaves no mês de novembro.

Em 2016, por exemplo, os termos Chromecast (+213%), fralda (+183%), colchão (+183%), whisky (+166%) e powerbank (+159%) registraram o maior crescimento na variação de buscas do Google. No ano passado, 70% das pesquisas via Google foram feitas em aparelhos celulares (em 2012, esse índice era de 10%).

O movimento na sexta-feira da Black Friday é 3,5 vezes maior do que nas sextas-feiras comuns do ano e cada consumidor pode gastar pouco mais de R$ 1,4 mil, em média (valor 20% acima do tíquete médio comum). O levantamento revela ainda que 16% das compras ocorrem antes do “dia D” do evento (de segunda a quinta-feira) e 5% logo depois (fim de semana e segunda-feira seguinte).

O mesmo estudo considerou dados internos do Google, e-Bit e AppAnnie para concluir que há crescimento de 233% no total de downloads de aplicativos na semana da Black Friday, em comparação com outras semanas do ano. Nesse quesito, o interesse é pelas ferramentas gratuitas de comparação de preços: uma forma de o consumidor descobrir se os descontos oferecidos são reais ou foram maquiados, com comerciantes baixando os preços pouco antes e normalizando-os durante a Black Friday para dar a falsa impressão de que o item teve o valor reduzido.

Lucro para lojistas
Todos esses indicadores se transformaram em bons resultados nos anos anteriores. Em 2017, o total de pedidos registrados durante a Black Friday foi 80% maior do que na edição anterior do evento. Ao todo, só o e-commerce (lojas virtuais) movimentou R$ 2,1 bilhões na temporada daquele ano (10,3% a mais do que em 2016) e R$ 2,6 bilhões na edição 2018 (23% a mais do que em 2017).

Segundo pesquisa da consultoria Ebit/Nielsen, a previsão dos varejistas on-line para este ano é de 18% de acréscimo no faturamento entre a quinta e a sexta-feira de superpromoção, chegando a R$ 3,07 bilhões – os pedidos do período devem aumentar 15%, somando R$ 4,91 milhões. Com o nada modesto empurrão da Black Friday 2019, o e-commerce no Brasil quer fechar o ano com R$ 53,5 bilhões em faturamento e 60 milhões de consumidores.

Outros segmentos também anseiam por uma fatia desse bolo. De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 21% dos empresários brasileiros que atuam no comércio e no ramo de serviços devem aderir à temporada de ofertas de novembro. Como disse o vendedor e motorista Antônio de Castro Lima, “a renda extra compensa”.

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