Correios pedem empréstimo ao BB para plano de demissão voluntária
A estatal chegou a pedir um aporte de capital de R$ 840 milhões ao Tesouro Nacional, mas não teve sucesso
atualizado
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Para oferecer um plano de demissão voluntária (PDV) aos funcionários, os Correios esperam a aprovação de um empréstimo de R$ 750 milhões com o Banco do Brasil. Como revelou o Estadão, a estatal vai iniciar até dezembro o PDV, com estimativa de economia entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão por ano.
Mesmo assim, admitiu nesta quinta-feira (10/11), o presidente dos Correios, Guilherme Campos, a empresa deve ter seu quarto prejuízo anual seguido em 2016, com um déficit de quase R$ 2 bilhões. A estatal chegou a pedir um aporte de capital de R$ 840 milhões ao Tesouro Nacional, mas não teve sucesso.
“Não é novidade para ninguém a situação bem grave pela qual a empresa passa, por seus números e resultados. O serviço postal vem sofrendo transformações no Brasil e no mundo e a empresa precisa passar por mudanças”, afirmou Campos. “O caixa vai apertar no ano que vem. O que temos está com data de validade.”
Prejuízo
Em 2015, os Correios tiveram um faturamento de R$ 18 bilhões, com R$ 2,1 bilhões de prejuízo. Para este ano, a expectativa é de que o faturamento suba para R$ 20 bilhões, com um prejuízo abaixo de R$ 2 bilhões.
O PDV será direcionado para funcionários com mais de 55 anos, aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentadoria. A expectativa da estatal é de que 15% dos 117,4 mil trabalhadores possam aderir ao plano. Os Correios vão aceitar a adesão de 6 mil a 8 mil deles. A ideia é que a estatal ofereça uma espécie de “salário-demissão”.
Os funcionários que aderirem ao programa – até abril de 2017 – vão receber por dez anos um valor que será calculado considerando a média do salário recebido nos últimos cinco anos e o tempo de serviço na empresa. O Estadão antecipou que se estuda oferecer no máximo 35% da remuneração. O custo para os Correios será de R$ 2 bilhões por ano. O número, no entanto, ainda precisa da aprovação do Ministério do Planejamento. “O plano é bom. E se não funcionar, medidas mais duras terão de ser tomadas.”
De acordo com Campos, a saída de 8 mil funcionários terá impacto no Postalis, o fundo de previdência dos funcionários dos Correios, mas o presidente não soube dizer como esse efeito será absorvido.
Desde junho deste ano, os funcionários e aposentados dos Correios começaram a pagar contribuição extra sobre os benefícios para o equacionamento do déficit de R$ 5,6 bilhões do fundo em 2014. “O Postalis terá de dar uma ‘reboladinha’, mas sobre isso eu não posso afirmar”, declarou.
Mudanças.
Os Correios pretendem compensar o desligamento desses empregados com a realocação de funcionários e com a melhoria de processos e a implantação de inovações tecnológicas. Além disso, não há previsão de realização de novos concursos públicos. A empresa também busca uma nova formatação para o plano de saúde dos funcionários, mas isso ainda está em discussão. Depois da folha de pessoal, esse é um dos maiores custos que pesam hoje nas contas dos Correios.
O presidente voltou a cobrar do governo a recomposição das tarifas do serviço postal. Segundo ele, o aumento das taxas em 2015 foi insuficiente para cobrir os custos das operações da empresa.
A estatal assinou ontem um contrato de R$ 29 milhões com a consultoria Accenture, que já reformulou os serviços postais em países como Índia e Estados Unidos.