Coronavírus: passageiros somem e CNT teme prejuízos e demissões
Empresas que empregam 2,3 milhões de pessoas já adotam medidas como licenças não remuneradas enquanto demanda despenca até pela metade
atualizado
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O isolamento social motivado pela preocupação com a pandemia de coronavírus está gerando impacto imediato em alguns setores econômicos. O dos transportes, por exemplo, que emprega 2,3 milhões de pessoas no país, já enfrenta um baque que varia entre 15% e 50% das suas atividades e prevê piora significativa para as próximas semanas. De acordo com empresários do ramo, demissões serão inevitáveis e medidas para reduzir o custo com pessoal já estão em curso.
Todos os tipos de transporte, sobretudo o de passageiros, experimentam queda na demanda. O diretor-executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, pintou um cenário de extrema preocupação em entrevista ao Metrópoles.
Segundo Batista, a queda na procura pelo transporte urbano, por exemplo, foi de 15% em média na semana passada, deve chegar a 30% nesta e a 50% em abril, de acordo com as primeiras projeções.
“O fechamento de escolas e o teletrabalho impactam forte. É um cenário de férias, mas estávamos saindo do Carnaval, seria um período de aceleração que agora foi por água abaixo”, avalia.
O cenário para as companhias de transporte aéreo é o mais dramático. As empresas aéreas já enfrentam redução de 30% na venda de passagens domésticas e 50% nas internacionais. Para o próximo mês, a expectativa é de piora significativa:
“Com as restrições à circulação de pessoas em crescimento, esperamos queda de 60% na demanda por voos domésticos e virtual paralisação dos internacionais. As empresas já estão estimulando a licença não remunerada, porque não têm condições nem de pagar férias para as equipes”, relata o diretor da CNT.
Batista avaliou como positiva, no entanto, a medida de adiar o pagamento de tributos da folha de pagamento, prevista no primeiro pacote de medidas emergenciais anunciado pelo governo, mas diz que, sem demanda de passageiros, será difícil a manutenção dos empregos. “Para a economia está sendo um baque. Começa pelo transporte e serviços, mas gera um efeito dominó difícil de administrar”, avalia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou, na tarde de segunda-feira (16/03), quase R$ 150 bilhões de recursos em medidas para lidar com a crise econômica causada pela pandemia de coronavírus. O plano prevê incentivos pelos próximos em três meses.
Rodovias vazias
O coronavírus também está desestimulando a circulação de pessoas em ônibus interestaduais. Segundo a CNT, a demanda por passagens desse tipo já caiu entre 30% e 40% em todo o Brasil na semana passada, com pioras a cada dia.