Coronavírus: exportações à China crescem e alcançam maior valor desde 2009
Em abril, com a diminuição de casos na China, Brasil exportou R$ 40,8 bilhões de produtos aos chineses, sendo a maioria soja
atualizado
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Exportações brasileiras para a China cresceram em meio à crise da pandemia do novo coronavírus e alcançaram, em abril, o melhor mês de toda a série histórica, iniciada em 2009.
Nesse último mês, quando o vírus perdeu força na Ásia, foram exportados mais de R$ 40,8 bilhões (cerca de US$ 6,9 bilhões) de produtos aos chineses, os principais parceiros econômicos do Brasil. A alta é de 23,3% em relação a abril do ano passado.
O montante ultrapassou o recorde registrado até então. Em maio de 2018, quando o Michel Temer era o presidente da República, as exportações à China chegaram a R$ 39,7 bilhões (US$ 6,7 bilhões).
O crescimento no valor das exportações, contudo, não está restrito somente no último mês de abril, com a queda nas mortes de Covid-19 e a reabertura do comércio na China.
Em todo o ano, o Brasil vendeu R$ 123,2 bilhões (US$ 20,8) de produtos nacionais aos chineses. A cifra equivale a um crescimento de 11% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O economista Mauro Rochlin, professor do MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), revelou surpresa com o resultado da balança comercial. Ele explica, no entanto, que um dos fatores que justificam essa alta nas exportações é o tipo de produto vendido – no caso do Brasil, commodities.
Soja, por exemplo, número 1 no ranking de exportações brasileiras, teve as suas vendas aumentadas em 28% nos primeiros quatro meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado.
A China, por sua vez, comprou R$ 49 bilhões (US$ 8,4 bilhões) de soja do Brasil neste ano. O montante é o maior registrado ao menos desde 2016, segundo dados do Ministério da Economia analisados pelo Metrópoles.
“Quando a pandemia diminuiu na China, eles aceleraram a importação de soja para fazer estoque estratégico, uma vez que a soja é fundamental para a segurança alimentar de sua população”, explica o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil.
O estoque desses produtos agrícolas se mostrou necessário, segundo Rochlin, da FGV, por causa do aumento de casos do novo coronavírus no país. Dessa forma, ele avalia que o movimento talvez não se repita nos próximos meses.
“Por outro lado”, acrescenta, “há um reflexo da paralisação dos vários mercados, que muito provavelmente se refletiu agora em abril”, explica Rochlin, ao destacar que o transporte de produtos pode ter sofrido atrasos com a pandemia de Covid-19.