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Coronavírus: economistas veem impacto em inflação e exportações

Originária da China, doença tem se alastrado pelo mundo e já resultou na morte de 259 pessoas. No Brasil, são 12 suspeitas

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES

A alta viralidade do coronavírus não se restringe apenas à passagem de um hospedeiro para outro, mas infecta em velocidade similar o mercado dos países atingidos pelo surto, como a China, e dos emergentes, como o Brasil – mesmo ainda sem confirmação de nenhum caso.

Até essa sexta-feira (31/01/2020), 259 pessoas morreram por conta do vírus, que surgiu na China e se espalha progressivamente pelo restante do mundo.

No Brasil, há 12 casos suspeitos, nenhum confirmado e alguns descartados. O mercado nacional, contudo, tem apresentado sintomas do surto da doença.

O dólar nominal bateu recorde histórico nesta sexta-feira e fechou o dia em R$ 4,285, fechando o pior janeiro em 10 anos. Na mesma sintonia, o Ibovespa – principal índice do mercado de ações no país – teve queda de 1,6% no mês.

“Nas empresas de mercado, quando o impacto é de curto prazo, acaba atingindo o Ibovespa, pois ele antecipa isso. As bolsas no mundo inteiro caíram bastante”, relata Vitor Hugo, economista e assessor de investimentos da G2W.

Especialistas nos mercados nacional e internacional ouvidos pelo Metrópoles apontam que, se continuar nesse ritmo, o coronavírus é capaz de atingir as exportações brasileiras e, consequentemente, ocasionar uma alta na inflação.

É o que explica Mauro Rochlin, economista e professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele destaca que o ritmo atual da alta do dólar tem um efeito inflacionário.

“Se essa alta persistir, tem impactos muito relevantes sobre a inflação. O dólar a R$ 4,28, por exemplo, torna as nossas importações mais caras, assim como os produtos brasileiros que usam componentes importados e as commodities”, conta.

Rochlin lembra que o Brasil tem no país asiático o principal cliente e sai prejudicado com o possível encolhimento do mercado chinês por conta da doença.

Hoje a China é o número 1 entre os países importadores de produtos brasileiros. Cerca de 79% da soja – a maior commodity brasileira – vendida ao exterior vai parar do outro lado do mundo.

“O impacto de uma desaceleração chinesa é uma redução das exportações brasileiras e, consequentemente, o menor desenvolvimento econômico aqui”, pontua.

Fragilidade social
A refração da economia chinesa é assunto também para o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Eduardo Young, que destaca o imediatismo dos sintomas sobre o grande mercado.

Especialista em políticas públicas, Young enaltece, contudo, que em longo prazo os efeitos do coronavírus atingem a microeconomia, especialmente os grupos mais pobres. As epidemias, explica, têm um custo social bastante elevado.

“A desigualdade se acentua. Há uma necessidade de cuidar dessas pessoas, que traz também um problema de gênero, pois esse tipo de tarefa é culturalmente executado pelas mulheres”, completa.

O economista explica também que o desmonte da máquina pública – a redução do tamanho do Estado é parte fundamental da política econômica defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes – dificulta a capacidade de resposta do Estado ante a expansão da doença.

“O setor privado não tem uma resposta para o coronavírus. Esse tipo de questão é dada pelo setor público, que está cada vez mais sucateado e com menos recursos e gente para lidar com a situação”, finaliza.

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