Coronavírus: Credit Suisse zera projeção de alta do PIB em 2020
No começo do ano, o banco projetava alta de 1,4%. Previsão é baseada no impacto que a pandemia de coronavírus causou na atividade econômica
atualizado
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O banco de investimentos suíço Credit Suisse zerou a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2020. Inicialmente, a instituição financeira vislumbrava alta de 1,4% – um pouco acima do 1,1% registrado em 2019. Agora, porém, com os mais de 290 casos da doença no Brasil, a previsão caiu drasticamente.
De acordo com relatório divulgado a clientes nesta terça-feira (17/03), a previsão é que haja uma queda na produção de riquezas no país no primeiro semestre. Como os efeitos da pandemia passaram a ser sentidos apenas a partir de março, a projeção é que haja uma retração de 0,1% no acumulado dos três primeiros meses do ano seguido de uma queda de 1,6% entre abril e junho.
“A performance da atividade econômica no 1Q20 [primeiro quarto do ano] foi menos afetada pelos impactos do coronavírus, já que o país foi um dos últimos a registrar casos da doença”, destacou o relatório.
Já na segunda metade do ano, o banco prevê uma recuperação econômica, mas não projeta dados à espera de qual será a resposta do governo à crise. “Não é possível determinar uma recessão mais significativa dependendo de quanto tempo leve para o governo conter o impacto negativo do vírus”, destacou.
Diferenças com 2008
O banco faz uma comparação com a reação que o governo brasileiro teve à crise de 2008, quando, após uma queda de 0,1% em 2009, o Brasil cresceu 7,5% em 2010. Na época, o Brasil reagiu com políticas monetárias e fiscais, como liberação de crédito subsidiado para a compra de bens de consumo.
“Enquanto na época o governo usou tanto a política fiscal quanto monetária para reagir aos efeitos da crise, o momento atual apresenta possibilidades limitadas de usar as duas ferramentas”, destacou.
Na segunda-feira (16/03), o ministro Paulo Guedes anunciou um pacote de R$ 147 bilhões para conter os impactos da crise do novo coronavírus.
Para o Credit Suisse, apesar de o governo contar com menos artifícios hoje do que há 12 anos, os setores financeiros e não-financeiros privados estão com as contas em dia, o que reduziria a possível contaminação de outras áreas da economia em função da queda na atividade econômica provocada pela pandemia.