Conselhão quer unificação de impostos sobre o consumo
Colegiado pressionará por reforma tributária para criar tributo para unir tributos como ICMS e ISS
atualizado
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Integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), conhecido como Conselhão, aproveitarão a reunião com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria Geral, Moreira Franco, marcada para esta quarta-feira (9/8), para pressionar o governo. O CDES almeja a aceitação das propostas de unificação de impostos sobre o consumo, apresentadas na primeira reunião do grupo de reforma tributária.
Dois dos conselheiros, Germano Rigotto e Sérgio Paulo Gallindo, demonstraram preocupação com a possibilidade de que essas mudanças nas cobranças de taxas, discutidas pelo governo, signifiquem apenas aumento de carga tributária.
“Precisa ser mais do que mudanças no PIS/Cofins”, salientou Rigotto, que é ex-governador do Rio Grande do Sul e presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários. “Meu medo é que atrás disso possa vir aumento da carga tributária para determinados setores, como de serviços. O país precisa de uma reforma tributária estruturante e não apenas de mudanças pontuais”, comentou.
Já Sérgio Paulo Gallindo, presidente Executivo da Brasscom — Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, afirmou que é preciso “muito cuidado” com essa unificação que está sendo proposta do PIS/Cofins porque “há um temor de choque na carga tributária sobre o setor que mais gera emprego”.
Depois de lembrar que, em relação a esta recomendação de reforma tributária, de prático, o que o governo anunciou foi apenas a simplificação tributária, que é a fusão do PIS e Cofins, Gallindo desabafou “Isto está claramente aquém daquilo que foi sugerido pelo Conselhão e, amanhã, eu espero que se lancem luzes sobre este tema, de quão avançado está isso, o que se pretende, um pouco mais detalhamento de como essa unificação vai ocorrer.”
Gallindo, a exemplo de Rigotto, condenaram a possibilidade de novo aumento de impostos que está sendo cogitada pelo governo. Se vier aumento de impostos, por exemplo, no Imposto de Renda, como está sendo falado “isso vai levar a uma evasão de cérebros do Brasil, que já está acontecendo”. Para Rigotto, “seria um absurdo”.
Ao falar sobre o setor de TI, Gallindo disse que unificação do PIS Cofins, neste setor, “tem de ser feito “com muito cuidado”. E explicou: “como não há créditos hoje concedidos para folha de pagamentos nas cadeias produtivas, então, se você unifica e joga uma alíquota muito grande, você estará fazendo um choque de carga tributária em cima do setor de serviço que é o setor que mais gera emprego hoje no país”.
Para ele, é preciso preservar empregos, e por isso mesmo, de acordo com interlocuções já realizadas com a Fazenda, “ao fazer a unificação dos impostos deve-se dar crédito permanente na folha de pagamento, em função de terá mais crédito quem emprega mais, e menos credito para quem emprega menos”.
A reforma tributária não será, no entanto, o único tema da reunião dos conselheiros, que está marcada para as 14h30 desta quinta-feira (10/8) e não prevê a presença do presidente Michel Temer (PMDB-SP), que, pela manhã, viajará para o Rio de Janeiro.O comitê gestor e os relatores dos grupos de trabalho do Conselhão vão avaliar o estágio de implementação de outras recomendações do colegiado, como a incrementação de acordos bilaterais entre o Brasil e outros países, como forma de abrir mercado, de olho, inclusive, no mercado do Pacífico, aproveitando a brecha aberta com a nova política externa norte-americana, como ressaltou Rigotto, que coordena o grupo de relações internacionais.
“Boa parte das recomendações do CDES integram hoje a agenda de temas prioritários do governo federal, e o envolvimento cada vez maior no dia a dia das políticas públicas leva os conselheiros a solicitar um acompanhamento quase cotidiano da implementação das medidas propostas”, disse a secretária do Conselhão, Patricia Audi.
Depois de lembrar que o Conselhão foi reestruturado para ficar mais equilibrado com maior representação do setor de serviços e tecnologia de informação, equilibrando com a representatividade da indústria tradicional e ampliando para 26% a participação de intelectuais no grupo, Patrícia Audi explicou que houve uma aproximação da participação setorial no CDES da existente no PIB.
Ela lembrou ainda que quase 60% das recomendações dos conselheiros apresentadas de março para cá foram implementadas pelo governo.
Como exemplo, citou o decreto de desburocratização que trata da simplificação do atendimento aos usuários do serviço público, a aprovação da modernização trabalhista, o lançamento de novo modal do Portal Único de Comércio Exterior e o conjunto de medidas para o agronegócio, incluindo Plano Safra, aceleração de titulações e realização do censo agropecuário.
“Os conselheiros têm papel relevante em captar anseios da sociedade e trazê-los ao governo, e também em estimular parlamentares e autoridades do Executivo para trabalhar colaborativa e coordenadamente em torno das medidas fundamentais Para o país consolidar o crescimento com inclusão social”, acrescentou Patricia.