Como sobreviver ao endividamento nas festas de fim de ano
Cerca de 77% das famílias estão endividadas. Segundo pesquisa, o resultado ocorre devido à alta no uso do crédito para compras de fim de ano
atualizado
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Com a chegada das festas de fim de ano, muitos brasileiros aproveitam o momento para comprar presentes e fazer novos investimentos. Mas, como sobreviver ao endividamento e começar 2025 ainda no azul?
Antes de ler as dicas, é preciso entender o cenário de endividamento da população do Brasil. Em outubro 73,1 milhões de brasileiros estavam endividados, segundo os dados mais recentes da Serasa.
Esse foi o segundo maior volume do ano, ficando atrás apenas do mês de abril (73,42 milhões).
São detentores dessas dívidas pessoas entre 41 e 60 anos (35,1%). Na sequência estão as faixas etárias de 26 a 40 anos (34%), acima de 60 anos (19,2%) e os jovens entre 18 e 25 anos (11,8%).
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o percentual de famílias endividadas cresceu de 76,6% em 2023 para 77% em 2024.
Conforme a pesquisa, o resultado é atribuído ao aumento do uso do crédito para compras de fim de ano, como o Natal e liquidações de Ano Novo. Embora o número de inadimplentes tenha subido, a proporção de consumidores “muito endividados” caiu para 15,2% — o menor valor desde novembro de 2021, época da pandemia da Covid-19.
Do total de entrevistados, 12,9% afirmam não ter condições de pagar as dívidas. O atraso nos pagamentos permaneceu estável (em 29,4%), isso pode indicar que as famílias estão buscando estratégias para manter as contas em dia.
Para André Minucci, a falta de planejamento financeiro é um dos principais motivos que levam ao endividamento. “Muitas famílias não têm um orçamento definido e acabam gastando mais do que podem. Sem essa organização, o crédito, que deveria ser um aliado, se torna um inimigo”, destaca.
Ele explica que o final do ano é uma época em que muitas pessoas “recorrem ao crédito, seja no cartão ou em financiamentos, sem avaliar o impacto a longo prazo”. “Datas comemorativas, como o Natal, geram uma necessidade de agradar familiares e amigos, o que pode levar ao consumo acima do planejado”, diz Minucci.
Johnny Mendes, professor de economia da Faculdade ESEG, do Grupo Etapa, afirma que um passo necessário para evitar fazer mais dívidas é usar o 13º salário no pagamento de contas.
“Recebeu o 13º? O que você faz para não acumular dívidas? Pague as dívidas que você já tem. Priorize pagar todas as dívidas, priorize antecipar todas as dívidas. Ao você antecipar, mesmo ela não chegando perto do vencimento, pode ter um desconto de 5% ou 3%”, aconselha. “É muita vantagem, então é importante, para não acumular dívidas”, completa Mendes.
Dicas para evitar o endividamento extremo
Apesar do aumento da inadimplência, Minucci acredita que 2025 pode ser um ano de recuperação financeira para as famílias: “Com um planejamento estruturado e controle emocional, é possível transformar essa realidade”.
O professor da ESEG reforça a importância da renegociação de dívidas. Segundo ele, a taxa de juros da renegociação é menor do que a do atraso e juros de mora. Mendes também aconselha a adesão ao programa Desenrola Brasil.
- Estabeleça um orçamento mensal: liste todas as despesas fixas e variáveis, reservando um valor para compras sazonais. Essa prática ajuda a identificar prioridades e evita gastos desnecessários;
- Evite compras por impulso: reflita antes de qualquer compra;
- Uso do cartão de crédito: pagar o valor total da fatura deve ser prioridade. Acumular parcelas pode comprometer o orçamento dos próximos meses, dificultando a quitação de outras despesas;
- Renegocie dívidas existentes: caso esteja endividado, busque renegociar taxas e prazos com credores. Reduzir os juros pagos mensalmente pode aliviar o orçamento e evitar a inadimplência;
- Invista em educação financeira: é uma maneira eficaz de melhorar o controle financeiro.