Como são feitas as pesquisas de emprego e desemprego no Brasil
Pnad Contínua, do IBGE, e a PED, do Dieese, são as principais pesquisas sobre taxa de desemprego realizadas no Brasil
atualizado
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O alto nível de desemprego é considerado por economistas o principal sinal de desaquecimento da economia brasileira. Segundo dados da Pnad Contínua, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação do trimestre finalizado em março de 2019 chegou a 12,7%.
Em abril, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), disse que a metodologia usada pelo instituto para aferir a taxa de desemprego “não mede a realidade” e que os índices parecem “feitos para enganar a população”.
Em resposta oficial, o IBGE declarou que “a metodologia adotada segue as recomendações dos organismos internacionais, em especial a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o intuito de garantir a comparabilidade com outros países”.
Veja a seguir como são feitas as principais pesquisas de emprego e desemprego no Brasil.
Quais são as principais pesquisas de desemprego do Brasil?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada pelo IBGE, acompanha as flutuações da força de trabalho de forma ampla no Brasil. Nela é considerada apenas a taxa de ocupação da população de 14 anos ou mais. Segundo Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, a Pnad tem como objetivo “investigar quantas pessoas são ocupadas e quais são as características dessa ocupação no Brasil”.
A pesquisa começou a ser desenhada em 1967 com levantamentos anuais. Em 2012, a PNAD Contínua foi implantada definitivamente em todo o território nacional, com levantamento trimestral – formato seguido até os dias de hoje. Mudanças metodológicas também aconteceram no período.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é um levantamento domiciliar contínuo realizado mensalmente desde 1984 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Fundação Seade – alguns estudos especiais também podem ser realizados anualmente.
Segundo Lucia Garcia, especialista em mercado de trabalho e responsável pela pesquisa no núcleo do Dieese, “a PED é uma investigação do mercado de trabalho, que identifica a participação dos indivíduos na estrutura produtiva de uma região, aferindo como se dá a integração entre os ocupados e os desempregados”.
Qual a diferença entre esses índices de emprego e desemprego?
Enquanto a pesquisa do IBGE é pensada para medir a taxa de ocupação brasileira, a do Dieese leva em conta grandes regiões metropolitanas, como São Paulo, Salvador e Distrito Federal.
Quais são as diferenças de metodologia e qual é a amostra utilizadas pela PED e pela a PNAD?
Pnad Contínua
São diversas as categorias usadas pela Pnad para definir quem, no mercado de trabalho, são os ocupados e desocupados no Brasil. São consideradas desocupadas as pessoas que não estavam trabalhando durante a semana em que a pesquisa foi feita – o levantamento é domiciliar.
O IBGE também investiga as pessoas que são subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, ou seja, trabalham menos de 40 horas semanais e ainda têm disponibilidade para trabalhar mais horas.
São consideradas desalentadas as pessoas que desistiram de procurar emprego porque acreditam que não há mais vagas no local onde vivem. Para o IBGE, existem atualmente 4,8 milhões desalentados no Brasil.
O tamanho da amostra utilizada é de 211 mil domicílios – com cerca de 2.200 entrevistadores envolvidos na pesquisa. No Brasil, o total de domicílios é de aproximadamente 70,3 milhões, segundo o IBGE.
PED
A PED trabalha com quatro categorias em seu índice de desemprego: o desemprego aberto, que representa aqueles que estão sem trabalhar durante 30 dias, e o desemprego oculto, que reúne os desalentados e os subocupados. Da soma dessas duas categorias, a PED obtêm o desemprego total da Grande São Paulo, indicador que fechou março de 2019 em 16,1%, indicando um total de 1.772 milhões de desempregados.
Em relação à amostra, são pesquisados 7.500 domicílios na região metropolitana de São Paulo (de um total de 3,574 milhões de domicílios particulares conforme o censo de 2010). Essa etapa dura quatro semanas e é feita pessoalmente, com o pesquisador indo diretamente aos domicílios a serem pesquisados. Ao todo, o formulário possui 68 perguntas, sendo 11 fixas, sobre atributos pessoais, e as demais separadas conforme as categorias do índice.
Logo, apesar de divergirem em sua metodologia, não é correto afirmar que uma pesquisa é mais certa que a outra. “Conclui-se que as pesquisas apresentam perspectivas diferentes em sua leitura do mercado de trabalho, sendo complementares”, explica Garcia.