Comércio varejista adere ao drive-thru para driblar crise no Dia das Mães
Em meio à crise causada pela pandemia da Covid-19 e lojas fechadas, o varejo recorreu ao esquema de compra e entrega pelas redes sociais
atualizado
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Quem já imaginou comprar o presente do Dia das Mães em um esquema de drive-thru? O cliente escolhe e paga o produto pela internet e, depois, passa na loja apenas para pegá-lo. Parece imagem futurística, mas é uma das formas que o comércio varejista encontrou para se reinventar e ampliar as possibilidades de vendas, fortemente impactadas neste período de isolamento social causado pelo novo coronavírus, quando grande parte das lojas está de portas fechadas. É a criatividade em tempos de crise.
De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), especificamente para esta data comemorativa, 31% dos estabelecimentos do país estimulam vendas por drive-thru e 35% fazem campanhas específicas para vendas por delivery – a entrega do produto na casa do cliente.
O levantamento também aponta as categorias de lojas que mais estarão presentes nas ações de drive-thru e delivery para o Dia das Mães, são elas: vestuário (84%), calçados (73%), perfumaria e cosméticos (71%), jóias (60%) e chocolates e doces (51%). Até o momento, 71 estabelecimentos em 46 cidades estão reabertos e operando de acordo com os protocolos do governo e das autoridades de saúde.
O futuro chegou
Diego Marcondes, diretor de marketing da Ancar Ivanhoe, grupo responsável por vários centros comerciais do Brasil, inclusive pelo Conjunto Nacional, em Brasília (DF), conta como a rede está se adaptando para diminuir os impactos causados pelo novo vírus: eles também optaram pelo drive-thru.
“A estratégia não apenas permite reforçar a multicanalidade do shopping como também gerar valor para os lojistas, que podem enxergar o complexo como um parceiro estratégico para a logística de distribuição na etapa final da entrega de produtos das compras on-line”, afirma Marcondes.
A ideia é considerada tão visionária pela empresa que, a partir do Dia das Mães, o serviço de drive-thru passará a ser adotado permanentemente pelos shoppings da Ancar Ivanhoe.
“Acreditamos que o período de isolamento social irá acelerar as mudanças de comportamento dos consumidores, digitalizando as relações e diversificando os canais de vendas ofertados pelos lojistas. O futuro chegou e precisamos nos reinventar para atender as necessidades desse novo cliente, cada vez mais digital”, ressalta o diretor da Ancar.
Setor mais procurado
Roupas são os presentes mais vendáveis nos Dia das Mães. E para manter a meta para este período, a gerente de marketing da Riachuelo, Marcella Kanner, diz que desde antes da pandemia a empresa vinha investindo no comércio on-line.
“Hoje, nosso foco é no ambiente digital, que já tínhamos um grande investimento – no ano passado, foram 168 milhões investidos em tecnologia –, mas que reforçamos, ainda mais neste período, com ações voltadas para o e-commerce e aplicativo, como o patrocínio das lives musicais. Durante o período de quarentena, triplicamos nossas vendas e já são mais de 135 mil novos downloads do aplicativo”, comemora.
Outra saída que as grandes empresas adotam são as vendas pelas redes sociais. “Este momento também acelerou outras iniciativas que tínhamos em curso, como a venda por WhatsApp, que está sendo implementada em algumas unidades, e o RCHLovers, que permite que funcionários vendam produtos através de um código próprio”, diz Marcella.
“A maior parte das nossas mais de 320 lojas no Brasil permanece fechada, de acordo com as determinações das autoridades de saúde locais. Mas, mesmo assim, queremos levar alegria por meio de nossos produtos e estamos homenageando as profissionais que estão na linha de frente no combate à pandemia, presenteando-as com 245 mil peças de roupas Riachuelo, para expressar a gratidão da nossa empresa e da população a elas”, ressalta a diretora.
A ação da Riachuelo é apadrinhada pela apresentadora Sabrina Sato. Com essa doação, são mais de um milhão de peças doadas, entre itens hospitalares e roupas, equivalentes a R$ 15 milhões.
Relação emocional
Outro segmento que tem bastante procura nesta época do ano é o de joias. A diretora de marketing da Vivara, Marina Kaufman, garante que, mesmo com a pandemia, as vendas aumentaram. “Sentimos uma aceleração nas vendas on- line muito forte, intensificamos o marketing direcionando para o canal e isso tem trazido bons resultados”, destaca.
A empresa migrou parte dos investimentos off-line para o on-line e isso, segundo Marina, assegurou um aumento de mais de 30% nos investimentos em canais digitais.
“Há outras ações para alavancar as nossas vendas, como vendedoras trabalhando como consultoras on-line, drive-thru, seguindo todas as normas de segurança, e vendas de produtos em marketplaces parceiros. A taxa de conversão no nosso e-commerce mais que dobrou em abril”, diz a diretora da Vivara.
“A joia tem um significado muito importante na vida das pessoas, porque ela costuma marcar momentos únicos e especiais. E é dessa forma que queremos ser vistos pelo nosso cliente. Então, mesmo em tempos difíceis, vemos que a relação do nosso cliente com a joia é emocional”, completa.
Como garantir o presente?
Para o cliente que mora perto de um shopping ou outro comércio varejista e não quer pagar frete no presente para a mamãe, basta acessar o site ou as redes sociais do estabelecimento para conferir as marcas participantes, entrar em contato com a loja via WhatsApp, escolher o produto e combinar dia e hora para retirada no drive-thru.
Os varejistas garantem que as compras são entregues higienizadas, seguindo todas as orientações dos órgãos de saúde, sem que o cliente precise sair do carro.
Haverá impacto
Mesmo com criatividade e alternativas para driblar a crise, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que a pandemia do novo coronavírus acarretará uma queda histórica no volume de vendas a varejo no Dia das Mães de 2020.
Em comparação com o ano passado, a confederação estima um encolhimento de 59,2% no faturamento real do setor na data, considerada o “Natal” do primeiro semestre pelo comércio e a segunda mais importante no calendário varejista brasileiro.