Com PEC no radar, expectativa para juros é a pior desde 2016
Projeção para a Selic em 2024 saltou de 11% antes das eleições para mais de 14% nesta quarta-feira (23), com risco fiscal em voga
atualizado
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À espera do anúncio da PEC de Transição, o mercado já precificou um cenário pior para os juros. As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em 2024, que refletem basicamente uma expectativa para a Selic no período, alcançaram 14,7%, o maior valor desde 2016.
Até o dia 28 de outubro, véspera do segundo turno do pleito que elegeu Lula, a expectativa do mercado era de uma Selic perto de 11% em 2024. De forma implícita, as contas indicavam uma queda dos juros no ano que vem, uma vez que a taxa básica está em 13,75%.
“O mercado de juros está refletindo um ou dois aumentos da Selic no começo de 2023. Ainda não sabemos se vai realmente acontecer, mas é uma projeção reveladora, porque acaba encarecendo o custo da dívida do governo e das empresas”, diz o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central.
A curva mais longa indica que o mercado não antevê os juros abaixo de 13% pelo menos até 2027 – ou seja, até o final do próximo mandato de Lula.
A piora nas expectativas de juros está intimamente ligada à proposta da equipe de transição do próximo governo de expandir os gastos públicos ao longo dos próximos anos. A PEC de Transição, que será apresentada em breve, deve prever uma despesa de R$ 185 bilhões acima do teto.
Com o governo distribuindo mais recursos, a perspectiva é de piora na inflação, o que forçará o Banco Central a manter a Selic em um patamar elevado para conter o avanço dos preços.