Com novas regras, veja como usar cheque especial conscientemente
Nova resolução está autorizada pelo Banco Central desde segunda-feira. Entre elas, está limite na taxa de juros de até 8%
atualizado
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O cheque especial sofreu, nessa última segunda-feira (06/01/2020), algumas mudanças, redesenhadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Desde então, os bancos estão limitados a cobrar uma taxa de juros de no máximo 8% ao mês.
Para os clientes com limite acima de R$ 500 e que não usam a modalidade, as instituições estão autorizadas a cobrar uma tarifa de até 0,25%.
As novas regras foram divulgadas pelo Banco Central (BC) em novembro de 2019. Em nota, a autarquia informou que “a medida deve racionalizar o uso do cheque especial pelo cliente”.
O BC criticou o fato de que, muitas vezes, o cheque especial é usado de forma não alinhada ao caráter emergencial do produto.
O Metrópoles ouviu especialistas e separou seis pontos importantes para usar o cheque especial de forma consciente após as novas regras.
– Juros de 8% ainda é alto
Apesar da diminuição dos juros do cheque especial para o teto de 8%, a taxa continua altíssima, conforme avaliação dos especialistas.
Os bancos cobraram em novembro, antes da nova resolução, média mensal de 12% de juros aos clientes, o que equivale a 306,6% ao ano.
Com a mudança, essas taxas devem cair praticamente pela metade – mas nada atraente para o bolso do cliente: 150% ao ano.
Para se ter ideia, em termo de comparação, a Selic – taxa básica de juros – está atualmente em 4,5% ao ano. Ou seja, 33 vezes menor.
“Em condições normais, seria inadmissível cobrar juros nessa magnitude de 8% ao mês. Comemoram quando a Selic cai 0,5 pontos percentuais, mas por outro lado se cobra essa taxa que é algo abusivo”, pondera o professor de finanças publicas da UnB, Roberto Piscitelli.
– Atente-se à cobrança da tarifa
O BC autorizou a cobrança de tarifa de até 0,25% ao mês para os usuários com limites de crédito acima de R$ 500. O tributo vale para quem não usar o cheque especial.
O coordenador do MBA de gestão financeira da FGV, Ricardo Teixeira, destaca que a cobrança só poderá ser aplicada, no momento, para clientes novos.
Conforme a resolução do BC, a incidência de tarifa para os contratos em vigor só será permitida a partir de 1º de junho de 2020.
“Quem tem conta antiga, não precisa se preocupar com a tarifa até junho. Quem abrir uma conta nova em um banco que vai cobrar, recomenda-se abrir até R$ 500”, explica Teixeira.
O Metrópoles montou uma lista com as instituições financeiras que decidiram incidir a tarifa sobre o limite do cheque especial. Veja aqui.
– Baixe o limite do cheque especial para R$ 500
A terceira recomendação é baixar o limite do cheque especial para R$ 500. O valor não permite que o banco cobre essa tarifa de até 0,25%.
Dados do Banco Central apontam que hoje aproximadamente 19 milhões de usuários de cheque especial têm limite inferior a R$ 500. Há, ao todo, 26 milhões de clientes.
Por outro lado, se um cliente, por exemplo, tem limite de R$ 5 mil no cheque especial, ele vai pagar R$ 11,25 todos os meses para manter o crédito disponível.
Assim, a tarifa pode gerar prejuízo a médio ou a longo prazo, conforme avaliação dos especialistas.
– Se possível, elimine o cheque especial
Ricardo Teixeira recomenda ainda que, com um bom planejamento, o cheque especial pode ser deixado de lado.
“Se tem uma vida financeira bem equilibrada e permite-se que não tenha uma situação que não passe do limite, pode pedir a extinção do cheque especial que não tem problema nenhum”, diz o professor.
– Dinheiro virtual
Planejador Financeiro CFP da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), Leonardo Gomes explica que a modalidade é como um dinheiro virtual, o que “engana” as pessoas.
Gomes conta que o cheque especial é, de certo modo, um dinheiro virtual porque se usa recursos que, na verdade, não são da pessoa.
“É como o cartão de crédito”, prossegue. A sensação de dinheiro virtual, neste caso, ocorre porque se paga com o cartão, mas o dinheiro não sai da conta no momento.
“É necessário não criar dinheiros virtuais”, enfatiza o planejador financeiro.
– Casos de urgência
Mas, afinal, quando usar o limite do cheque especial? Em uníssono, os especialistas esclarecem: apenas em casos de urgência ou extrema urgência.
Gomes enxerga que a modalidade deve ser utilizada em apenas uma ocasião emergente: quando a reposição é quase que simultânea.
“Vamos supor que tenho que pagar uma conta hoje por algum imprevisto, mas sei que vou ter o dinheiro amanhã. Neste caso tudo bem”, conta.
“A única forma é usar um recurso que não tem como fugir para pagar, mas que tenha reposição quase que simultânea. Não vê caso de planejamento com uso do cheque especial”, complementa o especialista.