Com leilões do BC e impacto externo, dólar tem segundo dia de queda
Em dia instável, a divisa chegou a ter alta nos primeiros negócios desta quarta e novamente no início da tarde, mas voltou ao negativo
atualizado
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Após a sucessão de altas que culminou no dólar acima dos R$ 3,92 na segunda-feira (26/11), a moeda norte-americana teve o segundo dia consecutivo de queda frente ao real e encerrou esta quarta-feira (28) cotado em R$ 3,8380 – um recuo de 0,93%.
Em dia instável, a divisa chegou a ter alta nos primeiros negócios desta quarta e novamente no início da tarde, mas voltou ao negativo impactada pelos leilões de linha realizados pelo Banco Central e com o discurso mais “dovish” que o esperado por parte do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
As sinalizações de Powell de que as taxas de juros não devem subir para muito além do patamar atual derrubaram o dólar globalmente no fim da tarde. A divisa caiu frente aos países emergentes e recuava 0,61% (17h44) frente ao índice DXY, que mede o dólar em relação a uma cesta de moedas fortes. “Com o discurso ‘dovish’ do Powell, as bolsas norte-americanas explodiram, o dólar caiu e os emergentes passaram a andar melhor globalmente”, aponta o economista da Mongeral Aegon Investimentos, Breno Martins.
De manhã, apesar de ter ensaiado alta logo após a abertura, o dólar rapidamente reverteu o movimento frente ao real na expectativa dos leilões de linha anunciados pelo Banco Central, marcados para as 12h15 e 12h35. A taxa de venda utilizada pelo BC equivale ao boletim da Ptax (câmbio medido pelo BC) das 12h.
Nos leilões desta quarta, o BC vendeu o lote integral de US$ 1 bilhão, distribuído entre as duas operações. A justificativa do Banco Central é a necessidade de fornecer liquidez para os mercados, movimento comum nesta época do ano, na qual há saída de dólares do país em razão do envio de remessas de multinacionais às matrizes no exterior e de retorno de fundos para seus países de origem para fechamento de balanço.
No entanto, o dólar voltou ao terreno positivo após o almoço e marcou a máxima do dia próximo das 14h, aos R$ 3,8882. Segundo operadores, o movimento ocorreu na expectativa do discurso de Powell e, ainda, na esteira de rumores incertos sobre o futuro das negociações em relação ao contrato da cessão onerosa da Petrobras. Com a fala mais suave de Powell, no entanto, o dólar voltou ao negativo, renovou sucessivas mínimas e fechou próximo ao menor patamar do dia, que foi de R$ 3,8335.
Tensões internacionais
Operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apontam que, a despeito dos fatores que forçaram o dólar para baixo, há uma percepção no mercado de que a alta da última segunda-feira, quando o dólar escalou os R$ 3,92, foi exagerada e que a tendência era de adequação nos dias seguintes.
Com as tensões comerciais entre China e Estados Unidos e a percepção de desaceleração global, a moeda não deve ceder muito além do patamar atual. Além disso, países cuja economia é ligada a commodities são pressionados pela queda no petróleo. Nesta quarta, os contratos futuros negociados para janeiro recuavam acima de 2,40%, acumulando uma queda de mais de 20% no mês.