Com dólar em queda, especialistas avaliam se é hora de comprar a moeda
Diante do cenário favorável, investir na moeda norte-americana pode ser vantajoso. Saiba qual é o procedimento para comprar dólar no Brasil
atualizado
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Depois de um bom tempo com o dólar no patamar de quase R$ 6, os brasileiros estão na dúvida se é hora de investir na moeda norte-americana com a queda registrada nas últimas semanas. Os valores na casa de R$ 4,60, em média, levam aqueles que têm um dinheirinho guardado a questionar se compensa ou não comprar dólares agora.
O Metrópoles conversou com especialistas do mercado financeiro para tentar ajudar. Eles reforçam a importância de ter um objetivo definido antes de investir na moeda estrangeira.
Mas antes das dicas, vale a pena entender o motivo de o dólar ter caído tanto. A desvalorização se deve a dois fatores principais: o aumento da taxa de juros e a valorização das commodities em decorrência da Guerra da Ucrânia.
Atualmente, a taxa de juros no Brasil, a Selic, está em 11,75% ao ano. Em março do ano passado, estava em 2%. Os juros nas alturas atraem os investidores estrangeiros. Com mais dólares disponíveis no mercado o valor da moeda ante o real tende a cair.
Já as commodities são produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo. Seus preços são determinados pela oferta e procura internacional da mercadoria.
Segundo o economista e professor de especialização em mercado financeiro na Universidade de Brasília (UnB) e conselheiro do Conselho Regional de Economia da 11ª Região (Corecon-DF), César Augusto Bergo, esses dois fatores estão afetando diretamente a balança comercial, fazendo com o Brasil tenha um superávit elevado.
“Como o mundo inteiro procura oportunidades de investimento e o país está sendo visto como uma boa oportunidade para tal, há um grande fluxo de capital, ou seja, muito dólar e investidores entrando. No primeiro trimestre entrou mais dinheiro no Brasil do que o ano de 2021 todo”, explica.
Mas e aí, vale a pena comprar dólar?
Frente a esse cenário otimista, há uma tendência para o crescimento no interesse em comprar e investir em moedas estrangeiras. No entanto, a opção pela compra vai depender do que se pretende no futuro próximo. César Bergo traz duas situações diferentes.
Para quem planeja um tratamento de saúde, uma viagem ou um mestrado no exterior, a compra é recomendada pelo economista. “Nesses casos, o momento é de aproveitar a queda do dólar. Como a pessoa já tem um projeto lá fora, é menos arriscado comprar a moeda, porque mesmo que haja uma mudança, ela já está se garantindo”, aconselha.
No caso daqueles que querem apenas investir, o especialista também indica a compra do dólar. Para ele, recorrer aos fundos cambiais é a alternativa mais segura. “Ao invés de comprar dólar em espécie, eu recomendo aplicar em fundos cambiais do mercado financeiro. É mais seguro, pois ainda existem limitações com relação à compra de dólar”, completa.
José Passos, especialista em finanças pessoais e fundador da comunidade Papo de Holder, voltada para educação financeira, sugere que o investidor tenha sempre parte do patrimônio em dólar. “Como o mercado de câmbio é totalmente variável e imprevisível, comprar todo mês uma parcela da moeda é muito interessante porque assim você terá um preço médio ao longo do tempo”.
Qual o procedimento?
Existem várias formas de comprar dólares. José Passos explica que a compra pode ser feita no próprio banco, em corretoras ou em casas de câmbio. Ele ainda diz que hoje em dia há aplicativos de bancos que fazem a transação.
É preciso lembrar, ainda, que a compra de moeda estrangeira em espécie é tributada em 1,1% de Imposto sobre Operação Financeira (IOF).
O economista César Bergo acredita que a melhor forma de adquirir a moeda é por meio de fundos cambiais, que são um tipo de investimento indicado para proteger os recursos do investidor contra as flutuações das moedas estrangeiras.
Outra boa opção, de acordo com ele, é ter um cartão pré-pago internacional, também chamado de cartão de viagem, que pode ser carregado com moeda estrangeira, como o dólar. A vantagem é que as taxas desse tipo de operação são mais baixas.
A terceira possibilidade, já não indicada pelo especialista por não ser tão segura, é comprar o dinheiro em espécie. Nesse caso, o comprador precisa localizar quais agências do banco em que possui conta vendem a moeda ou casas de câmbio.
César acrescenta que essa opção traz riscos. “Primeiro, é necessário conferir se o dinheiro não é falsificado. Segundo, é preciso tomar cuidado para não ser roubado”.
(*) Raquel Valente é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia