CNI vê alta do PIB em 2022 entre 0,3% e 1,8%; cenário-base é de 1,2%
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, crescimento na faixa de 1,2% “é frustrante” e repete “década perdida”
atualizado
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta um crescimento de 1,2% para a economia brasileira em 2022. Embora esse seja o cenário-base, a entidade trabalha com o que chama de cenários pessimista (0,3%) e otimista (1,8%). De acordo a CNI, para a estimativa de 1,2% se consolidar, espera-se a superação parcial de problemas conjunturais, como inflação, emprego e normalização das cadeias globais de valor a partir do segundo semestre do ano. A previsão consta no documento Economia Brasileira: 2021-2022, divulgado nesta quarta-feira (15/12).
Para o presidente da Confederação, Robson Braga de Andrade, essa projeção de crescimento do PIB “é frustrante”.
“Eu me sinto frustrado quando vejo o Brasil crescendo apenas 1,2%. Precisamos ter um crescimento acima de 3%. E tem que ser um crescimento continuado, não como na última década, que foi de 0,3%. Isso para um país continental como o Brasil, com educação e as condições que temos na nossa agricultura, é muito frustrante”, afirmou, durante a apresentação do documento.
“Essa última década é uma década perdida. Precisamos muito trabalhar em ações junto ao Congresso Nacional pra diminuir o Custo Brasil”, acrescentou o presidente da CNI. Ainda segundo ele, o Brasil necessita de medidas que melhorem o ambiente de negócios e promovam a inserção internacional das empresas, além de políticas para atrair investimentos produtivos vinculados às cadeias globais de valor.
Brasil crescerá 4,7% em 2021, calcula CNI
A CNI calcula alta de 4,7% do PIB do Brasil em 2021. A estimativa é menor do que o esperado no início do ano, devido às constantes quedas na indústria ocorridas no segundo semestre.
Gerente executivo de Economia da CNI, Mario Sérgio Telles alerta que essa expansão do PIB reverte a queda de 2020, mas o resultado não significa que os problemas acentuados pela crise e os desafios estruturais do país tenham sido superados.
“A base de comparação é muito fraca. Não dá para cravar que esse número é muito positivo. Há perda de ritmo da atividade econômica”, disse.
Inflação tende a desacelerar ao longo de 2022
Na avaliação da CNI, alguns fatores devem contribuir para a desaceleração da inflação no próximo ano, o que pode melhorar o cenário econômico brasileiro. São eles:
- Estabilidade dos preços dos combustíveis;
- Redução dos preços industriais;
- Queda da inflação do grupamento econômico “Alimentação”.
Neste cenário, para 2022, espera-se um IPCA (índice que regula a inflação oficial do país) de 5%, próximo ao teto da meta de inflação. Com isso, considera-se que não devem ocorrer novas alterações nas regras fiscais, que poderiam elevar a inflação, por meio da depreciação do real.
Neste ano, a CNI estima que a inflação deva desacelerar, moderadamente, em dezembro e fechar 2021 em 10,3%.
Taxa de câmbio em 2022: R$ 5,60 por dólar
A CNI também projeta que a taxa de câmbio terminará 2022 em R$ 5,60 por dólar, o mesmo patamar do fim de 2021. No entanto, há uma série de condicionantes e deve haver muita oscilação ao longo do ano.
Essa previsão considera Selic em 11,5% ao ano e uma pequena elevação na taxa de juros nos Estados Unidos.
“Atualmente, a taxa de câmbio está muito desvalorizada. Não temos isso desde 2000. Isso reflete nas exportações – produtos importados tem sido substituídos por produtos nacionais, o que vem valorizando alguns setores”, argumentou Mario Sérgio Telles, gerente executivo de Economia da CNI.
Outros destaques do documento
Comércio, serviços e agropecuária
PIB do comércio deve crescer de 6,5% em 2021. O PIB de serviços, sem comércio, deve crescer 4,2% este ano. E a agropecuária deve se expandir em 2%.
Construção civil
O desempenho positivo do setor, acima do esperado, resulta em uma revisão acentuada da projeção de crescimento do setor por parte da CNI, de 5% para 8,2%, em 2021. Para 2022, a previsão é de alta de 0,6%.
Matéria-prima
- Escassez de semicondutores e chips deve deixar de causar paralisações de produção nas grandes empresas a partir do segundo semestre de 2022.
- Risco de redução da produção de magnésio da China tem o potencial de causar uma escassez de alumínio, que afetaria diversos setores industriais. Cerca de 80% da produção mundial de magnésio é chinesa.
Minério de ferro
As exportações para a China representam quase 50% da produção de minério de ferro brasileira. Para 2022, a expectativa é de desaceleração do segmento imobiliário chinês e, consequentemente, redução da importação chinesa de minério de ferro.
Contêineres
A expectativa é de que o transporte de carga em contêineres só retorne ao patamar normal a partir do segundo semestre de 2022.
Petróleo
Preços de petróleo e derivados, inclusive combustíveis, continuarão elevados.
Energia
Consumo de energia não deve apresentar grande crescimento. Essa expectativa se baseia no consumo ainda retraído dos consumidores cativos e do crescimento baixo esperado para os consumidores livres industriais, que estão entre os mais eletrointensivos.