Cenário externo puxa cotação e dólar já está acima dos R$ 4,06
Com os investidores monitorando o noticiário político doméstico e eleições, moeda americana subiu para o patamar de R$ 4
atualizado
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O dólar iniciou a quinta-feira (23/8) com leves oscilações ante o real, dando sinais de que perderia um pouco dos 8,15% de valorização no mês de agosto. Mas essa tendência acabou ofuscada pelo cenário externo, após Estados Unidos e China aplicarem nova rodada de tarifas comerciais entre si.
Às 11h, moeda americana era cotada a R$ 4,0724, alta de 0,27%, com os investidores monitorando o noticiário político doméstico, depois que a preocupação com as perspectivas para a eleição levou o dólar para o patamar de R$ 4.
“O investidor corrige um pouco, mas não quer ficar vendido (aposta na queda do dólar) em dólar. Não há muito espaço para realização maior com as notícias atuais”, afirmou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, para quem o ‘piso’ nesse momento seria de pelo menos R$ 4.
Ele se referia ao cenário eleitoral bastante incerto, depois que as pesquisas de intenção de votos divulgadas nos últimos dias mostraram que o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB), preferido do mercado, continuava sem ganhar tração e com a possibilidade de o PT ir para o segundo turno, cenário até então não previsto pelos investidores.
“Acho que precisamos de mais tempo para ver se vai mudar o panorama eleitoral”, acrescentou Faria Júnior ao lembrar do início da campanha eleitoral no rádio e na televisão, no próximo dia 31, e a definição sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril e que deve ser impedido de concorrer por se enquadrar na Lei da Ficha Limpa.
O Banco Central brasileiro realiza nesta sessão leilão de até 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de setembro, no total de US$ 5,255 bilhões.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Analistas ouvidos pela Reuters avaliam que, por enquanto, o BC não deve interferir no mercado cambial, uma vez que o movimento do real, apesar de pautado principalmente pela cena eleitoral, não está muito diferente do comportamento de outras divisas emergentes. Além disso, não há falta de liquidez no mercado, nem fuga de capital.
Dólar mundo afora
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas impulsionado pela incerteza política, nova rodada de tarifas comerciais e pela ata da última reunião do banco central dos Estados Unidos que sinalizou aumento da taxa de juros em setembro.
Os Estados Unidos e a China intensificaram a sua guerra comercial que já dura meses, implementando tarifas de 25% sobre US$ 16 bilhões em produtos um do outro, abalando os investidores que buscavam segurança no dólar.
O dólar também subia ante divisas de países emergentes, com destaque para o rand sul-africano, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, expressou no Twitter suas preocupações sobre a reforma agrária do país africano, e o rublo, com o aumento do risco de mais sanções dos EUA à Rússia.
Bolsa de valores
No mercado de capitais, a Bolsa brasileira opera com estabilidade nesta quinta-feira, após um dia de valorização de 2,3% no Ibovespa, cesta com as principais ações negociadas no Brasil. Às 11h, o Ibovespa operava em leve queda de 0,05%, aos 76.866,39 pontos.