Cautela externa e frustração com Previdência fortalecem dólar
Moeda norte-americana voltou ao patamar dos R$ 3,72, em alta de 0,76%
atualizado
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Delineado sobretudo por uma cautela externa, o dólar sustentou nesta terça-feira (15/1) alta frente ao real e voltou ao patamar dos R$ 3,72. Com um aumento do balanço de riscos globais e um dia carregado sobretudo na Europa – o que desvalorizou o euro –, o dólar ganhou força nos mercados. Aqui, fechou em R$ 3,7293, em alta de 0,76%. Internamente, pesa para a alta ainda notícias menos positivas que o esperado sobre a reforma da Previdência.
A alta ante o real ocorre em linha com o movimento dos emergentes, ainda que mais acentuada quando comparada aos pares brasileiros. No cenário doméstico, operadores relatam que a notícia de maior peso foi a de que o presidente Jair Bolsonaro só baterá o martelo em relação ao texto da reforma da Previdência após a viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que ocorre no fim do mês.
Pela manhã, balanços decepcionantes na Europa e nos Estados Unidos reforçaram a percepção de desaceleração da economia mundial e fortaleceram o dólar globalmente. O movimento de valorização da moeda norte-americana foi realimentado no início da tarde após fala do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, estimando um desenvolvimento econômico aquém do esperado do bloco, ter derrubado o euro.
A moeda europeia ainda foi impactada pela expectativa, durante todo o dia, de reprovação do acordo para o Brexit pelo Parlamento britânico, o que foi confirmado no fim da tarde. A notícia deve nortear os primeiros negócios da quarta-feira (16). O dólar futuro, no entanto, mostrou pouco impacto e fechou cotado a R$ 3,7195, em alta de 0,49%. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, tinha alta de 0,49% às 18h.
Colabora para compor a cautela global ainda o noticiário pouco consistente sobre o progresso das negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Nesta terça, o senador americano Chuck Grassley afirmou que o representante comercial do país, Robert Lighthizer, viu apenas um pequeno avanço nas negociações.
Inicialmente, a notícia foi lida como frustrante pelo mercado. Num segundo momento, no entanto, os investidores fizeram uma nova leitura de que algum progresso seria positivo, o que impulsionou os ativos americanos.
Operadores relatam ainda que, após dias de baixa, houve um movimento técnico de saída de recursos do país, com algumas remessas de grandes empresas ao exterior. “Hoje (terça) houve uma saída importante por parte de algumas empresas que aproveitaram o câmbio mais baixo no fechamento da quinzena para o envio de remessas”, aponta o diretor da Fourtrade Corretora, Luiz Carlos Baldan.