Campos Neto diz que “nunca” pensou em deixar comando do Banco Central
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto sofre pressões do governo Lula. Ele é o 1º indicado pelo presidente da República anterior
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC) do Brasil, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (15/8) nunca ter pensado em deixar o comando da instituição.
Sob pressão do governo Lula (PT), Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e segue no posto em razão da lei de autonomia do Banco Central, que entrou em vigor em 2021. Ele é o primeiro presidente da autoridade monetária indicado pelo presidente da República anterior.
Questionado se em algum momento pensou em deixar o posto, ele respondeu: “Não, nunca. Primeiro porque não sou eu, é o Banco Central. As decisões não são tomadas pelo presidente, eu sou um voto de nove votos”. As declarações foram proferidas em entrevista ao Poder360.
Ele ainda reforçou a defesa da autonomia da autoridade monetária. “Não era sobre a minha pessoa, era sobre o Banco Central e sobre o avanço institucional que foi feito”, frisou. “A gente está passando pelo primeiro grande teste da autonomia, e é um teste em um ambiente onde o país é polarizado”.
O chefe da autoridade disse ter se reunido uma única vez com Lula, antes da virada do ano, e se disse aberto a conversar com o petista a qualquer momento.
“Uma única conversa pessoal tivemos. Foi muito boa, um pouco antes da virada do ano (…) Eu estou sempre aberto a discutir, não só com o presidente, mas com qualquer membro do governo. Fiz reuniões com alguns ministros. Me reúno mais com [o ministro da Fazenda] Haddad, mas estou aberto de conversar com Lula a qualquer momento”, completou.
Em dia de Copom, Lula volta a criticar Campos Neto e juros
Campos Neto ainda considerou natural o presidente da República (o primeiro a não poder trocar o comando do BC) ter opiniões sobre a taxa de juros: “Faz parte do processo”.
A fritura a Campos reduziu sensivelmente em agosto, após o primeiro corte na taxa básica de juros, a Selic — de 13,75% para 13,25% ao ano.
Em junho, antes do corte na Selic, Campos Nego disse seguir convicto de que seguirá no comando da autoridade monetária até o término de seu mandato, em dezembro de 2024.
Na ocasião, ele ainda minimizou as pressões políticas por parte de autoridades do governo.
“Me sentir pressionado faz parte desse trabalho (de debate de juros). Há poucos presidentes do Banco Central do Brasil que passaram por aqui e não tiveram momentos de se sentir pressionados. Faz parte do trabalho”, disse.