Caixa projeta inadimplência de 3,86% em 2016, mas não descarta queda
Uma das justificativas para a melhora da inadimplência da Caixa no primeiro trimestre na contramão dos bancos privados foi a venda de créditos vencidos no valor de R$ 2,678 bilhões no período
atualizado
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O orçamento da Caixa Econômica Federal para 2016 indica que seu índice de inadimplência feche o ano em 3,86%, mas diante das ações que a instituição tem adotado para mitigar os riscos de sua carteira, pode ficar abaixo desse patamar, de acordo com o vice-presidente de finanças do banco, Marcio Percival. Ao final de março, o índice de calotes da Caixa, considerando atrasos acima de 90 dias, ficou em 3,51% ante 3,55% em dezembro.
“A inadimplência teve melhora no trimestre. Estamos tomando todas as ações para manter a inadimplência nesse patamar. Pode chegar a 3,86% em 2016 em nosso planejamento, mas não esperamos que chegue em função das ações que estamos tomando”, explicou Percival, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Uma das justificativas para a melhora da inadimplência da Caixa no primeiro trimestre na contramão dos bancos privados foi a venda de créditos vencidos, os chamados créditos podres, no valor de R$ 2,678 bilhões no período. O índice de calotes, considerando atrasos acima de 90 dias, teria ficado em 3,54%, caso tais créditos não tivessem sido vendidos, ante indicador de 3,51% no primeiro trimestre.
Contabilidade
Percival afirmou, contudo, que a influência da cessão desses empréstimos na inadimplência da instituição é limitada e que, diferente da avaliação de analistas, não mascara o indicador. “Nenhum número da contabilidade está mascarado ou escondido. A maior parte das carteiras que vendemos nos últimos anos, entre 70% e 75%, já estava em prejuízo e pequena parte estava dentro de crédito recuperável. Tem impacto na inadimplência, mas é muito pequeno”, destacou o executivo.
Além da venda de créditos vencidos, a Caixa, conforme Percival, adotou um conjunto de ações para mitigar os riscos da sua carteira de crédito. Segundo ele, a área de cobrança do banco público está sendo reestruturada e irá aumentar assim como estão crescendo os programas de renegociação de dívidas.
“Indicamos que, diante da conjuntura, a inadimplência iria crescer. Não é possível que a partir da queda da economia de 4% no ano passado e cerca de 3% este ano, a inadimplência não fosse impactada. Todo o sistema bancário tem preocupação. Estamos em linha com o mercado, com os bancos. Não estamos na contramão”, afirmou Percival.