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Brasil quer “corrigir” relação com a China

Nesta quarta-feira (20/7), durante sabatina sobre a política comercial chinesa na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Itamaraty apresentou suas queixas ao governo de Pequim e apontou que quer uma nova direção no fluxo de comércio

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Encontro com José Serra na sede da Fiesp
1 de 1 Encontro com José Serra na sede da Fiesp - Foto: VANESSA CARVALHO/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O governo do presidente em exercício Michel Temer quer rever as relações com a China – maior parceiro comercial do País. Nesta quarta-feira (20/7), durante sabatina sobre a política comercial chinesa na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Itamaraty apresentou suas queixas ao governo de Pequim e apontou que quer uma nova direção no fluxo de comércio.

A sabatina de governos como o da China ocorrem a cada dois anos, quando as leis do país são examinadas e autoridades têm a oportunidade de questionar as práticas adotadas.

Na intervenção do Brasil, o governo reconheceu que tem uma “parceria estratégica” com Pequim. Hoje, a China é o principal destino das exportações nacionais e o maior fornecedor de bens estrangeiros. Em 2015, ela representava 18,3% do comércio nacional. “O desenvolvimento dessa relação continua sendo uma prioridade-chave em nossa agenda”, disse a encarregada de Negócios do Brasil na OMC, Marcia Donner.

Mas a diplomata deixou claro que o momento é de reavaliar o “padrão” dessa relação diante da disparidade entre o que a China exporta e o que compra das empresas nacionais. “Da perspectiva do Brasil, a assimetria precisa ser corrigida e ações para incentivar a maior diversificação de nossas exportações continuam sendo prioridade-chave para nosso governo”, disse. “Nossas complexas economias podem ganhar com o crescimento de cada um de uma forma mais equilibrada.”

Na avaliação apresentada pelo Itamaraty, a diversificação das exportações brasileiras para a China “continuam sem uma mudança significativa desde a última revisão na OMC em 2014”. “Nossa exportação para a China continua limitada a um número pequeno de commodities, como soja, aço, petróleo”, disse a diplomata. Juntos, esses itens representam 75% das vendas nacionais para a China.

Já as importações são “amplamente mais diversificadas, incluindo vários produtos industriais, máquinas elétricas e mecânicas, produtos químicos, aço, plástico e siderurgia”. O governo brasileiro também fez questão de apontar para a onda de investimentos chineses no País nos setores de finanças, infraestrutura, telecomunicações, eletricidade e ferrovias.

Mesmo na agricultura, o Brasil se queixa de barreiras. Segundo o governo, existem várias licenças ainda não aprovadas para a exportação de carne de frango e suína que merecem ser “avaliadas com urgência”.

Aço
Outro setor delicado é o do aço. Nas últimas semanas, produtores de todo o mundo têm atacado a produção em excesso da China, levando à queda dos preços internacionais. “Isso está criando tensões que precisamos lidar com um diálogo global para que haja um ajuste estrutural pelos maiores produtores do mundo”, defendeu o Brasil. A China indicou que está comprometida em reduzir sua capacidade de produção até 2020 e, no que se refere às demandas brasileiras, prometeu dar uma resposta.

Mas o vice-ministro do Comércio do país, Wang Shouwen, alertou a comunidade internacional que sua economia vive um “novo normal”, com uma taxa de crescimento que não atinge mais os 9,0%, mas sim uma média de 6,5% e 7,0%. “Passamos para uma taxa alta para moderadamente alta”, disse. Segundo ele, isso exige do país um “novo modelo de desenvolvimento”.

Mas quem também se queixou foi o governo dos EUA, que afirmou estar “preocupado” com uma possível mudança na postura comercial chinesa diante da queda de crescimento. Para o diplomata Chris Wilson, “à medida que a economia chinesa desacelera, os EUA sentem uma relutância maior de o país manter suas reformas” “Além disso, cada vez mais empresas americanas expressam preocupação com o ambiente regulatório e de negócios para as empresas estrangeiras”, disse.

Assim como o Brasil, os americanos também criticaram o apoio estatal chinês ao setor siderúrgico, além de barreiras para as vendas de diversos produtos e até filmes.

Americanos, europeus e outros governos ainda fizeram um alerta sobre o plano de Pequim conhecido como “Made in China 2025”. Pela iniciativa, 70% dos componentes de produtos feitos na China até 2025 terão de ser fabricados localmente. No total, Pequim recebeu dos governos na OMC mais de 1,8 mil perguntas e queixas. O país é hoje o maior parceiro comercial de 120 economias.

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