Brasil pode diminuir meta da inflação em junho, dizem especialistas
Segundo analistas, o País poderia estipular uma nova faixa entre 4% e 4,25%
atualizado
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O Brasil já tem condições de ter uma meta de inflação mais baixa do que os atuais 4,5%, para 17 de 25 instituições do mercado financeiro ouvidas pelo “Broadcast”, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo analistas, o País poderia estipular uma nova faixa entre 4% e 4,25%.
Uma eventual mudança poderá ocorrer em junho, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá para ratificar ou não a meta de 2018 e fixar a do ano seguinte. No ano passado, o CMN decidiu que a meta para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018 seria de 4,5%, com uma margem de 1,5 ponto porcentual, para cima ou para baixo. O sistema foi adotado em 1999.
A desaceleração consistente da inflação corrente e das expectativas inflacionárias estão refletindo em grande parte os efeitos da pior recessão já enfrentada pelo País. Para alguns economistas, além desse cenário, o otimismo com o avanço nas medidas fiscais justificariam uma redução. Se a mudança for confirmada, o Banco Central passaria um sinal maior de confiança ao mercado.
No boletim Focus da última quarta-feira (1º/3) as projeções para o IPCA nos próximos anos já estão abaixo de 4,5%. Para este ano, a mediana caiu para 4,36% e foi mantida em 4,50% para 2018. Como o cenário parece favorável ao arrefecimento de preços, essas estimativas podem ceder ainda mais.
Para Heron do Carmo, economista da Universidade de São Paulo, o País tem hoje uma janela de oportunidade para trabalhar com uma perspectiva de inflação mais baixa. “Tivemos uma situação parecida em 2006, em que o resultado de inflação ficou abaixo da meta, e não aproveitamos para reduzir. Foi um erro grave. Sinalizar que a intenção é chegar aos 3% é uma forma de não jogar fora o esforço que fizemos nos últimos 30 anos.”
“A redução da meta ajudaria a coordenar as expectativas de inflação corrente, e o Banco Central atual tem confiança para isso. Na economia real, 0,5 ponto porcentual pode não fazer diferença em um primeiro momento, mas aliviaria o custo social em um período mais longo, impactando em contratos e preços”, diz Claudio Adilson Gonçalez, da MCM Consultores Associados.
Em 2006, quando a inflação fechou em 3,14%, o Brasil tinha condições de reduzir a meta de inflação, mas não o fez pois, segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, acreditava-se que um pouquinho de inflação seria bom para o crescimento. “O que obviamente não é verdade. Ali, não foi apenas a meta que não foi baixada, mas toda a economia que foi desarranjada, especialmente com o começo da deterioração fiscal”, relembra.Hoje, Vale avalia que o cenário é o inverso, especialmente com o fiscal entrando nos eixos.