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Brasil exportou US$ 36,9 bi aos EUA em 2023, 1/3 do exportado à China

Governo federal e mercado financeiro monitoram a eleição de Donald Trump nos EUA, 2º maior parceiro comercial do Brasil

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Dois cartões com as bandeiras de Estados Unidos e Brasil, lado a lado - Metrópoles
1 de 1 Dois cartões com as bandeiras de Estados Unidos e Brasil, lado a lado - Metrópoles - Foto: Getty Images

O Brasil monitora com atenção o resultado do pleito presidencial dos Estados Unidos (EUA), um dos principais parceiros comerciais do país. Na manhã desta quarta-feira (6/11), madrugada nos EUA, a imprensa americana declarou a vitória do republicano e ex-presidente Donald Trump contra a atual vice-presidente Kamala Harris, do Partido Democrata. Ele assumirá a cadeira presidencial em janeiro de 2025.

A eleição americana é importante para o Brasil, dentre outros motivos, em razão da longeva relação comercial entre os dois países. Em 2023, as exportações brasileiras ao território norte-americano somaram US$ 36,9 bilhões. Embora seja um valor considerável, o montante representa cerca de um terço do total comprado pela China no ano passado, que foi US$ 104,3 bilhões.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). À época, a China desbancou os EUA e tornou-se o maior comprador de produtos brasileiros. Atualmente, a terra do “Tio Sam” é o segundo maior importador de mercadorias nacionais.

Na ótica de política macroeconômica uma coisa é certa: não importava o vencedor da disputa, os EUA continuarão preocupados com o avanço da China sobre países emergentes como o Brasil, em meio à guerra comercial que travam com o gigante asiático.

De 2009 para cá, a China despontou como o principal comprador de mercadorias brasileiras. Por outro lado, os EUA mantiveram uma relação comercial estável (confira gráfico abaixo), sem apresentar crescimentos no número de importações de produtos do Brasil.

No ano passado, o saldo da balança comercial (total exportações menos as importações) do Brasil com a China foi superavitária em US$ 51,1 bilhões. Enquanto na relação entre Brasil e Estados Unidos teve déficit de US$ 6,2 bilhões.

Até setembro deste ano, o Brasil exportou mercadorias avaliadas em US$ 76,6 bilhões ao território chinês, e US$ 29,4 bilhões ao território norte-americano. No recorte de importações, foram US$ 46,3 bilhões comprados da China e US$ 30,7 bilhões comprados dos EUA.

Relação comercial de dois séculos

Em 2023, 9.553 empresas nacionais enviaram produtos para o mercado norte-americano — maior número registrado nos 200 anos de relações comerciais entre as nações. As exportações de manufaturas brasileiras enviadas aos EUA totalizaram US$ 29,9 bilhões.

De acordo com o MDIC, os Estados Unidos são o principal destino de produtos industrializados brasileiros. Muitas empresas buscam garantir um percentual de sua produção para exportação pelo recebimento em moeda mais forte que o real.

EUA se preocupam com fortalecimento dos Brics

Há um certo temor nos EUA com o fortalecimento dos Brics, bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul que recentemente recebeu a adesão de mais países. A entrada de novos membros no grupo pode alterar significativamente a dinâmica comercial entre Brasil e EUA, à medida que ele se expande e ganha maior relevância geopolítica e econômica.

“Caso as relações Brasil-EUA enfraqueçam, há riscos de retaliação comercial, perda de investimentos ou sanções, impactando setores sensíveis como exportações de commodities e acordos financeiros”, explica Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

Felipe Vasconcellos, sócio da Equss Capital, argumenta que uma percepção de alinhamento brasileiro com regimes ou países considerados antiocidentais pode resultar em sanções ou restrições comerciais, prejudicando setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a exportação de matérias-primas.

Além disso, a ampliação dos Brics também pode influenciar a política monetária do Brasil. “Com a entrada de novos membros, o bloco pode pressionar por uma maior utilização de moedas locais nas transações comerciais entre os países membros, reduzindo a dependência do dólar americano. Isso poderia impactar a política de câmbio do Brasil e até mesmo influenciar decisões sobre reservas cambiais e a política de juros”, esclarece.

Essa transição para moedas locais, porém, não é simples, já que o dólar ainda domina o comércio internacional.

Por fim, a diversificação de parcerias comerciais dentro dos Brics poderia reduzir a dependência do Brasil em relação ao mercado americano, mas essa estratégia tem seus desafios. O principal deles é que o mercado americano ainda representa uma fonte significativa de investimento e inovação tecnológica, essenciais para a modernização da economia brasileira.

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