Coronavírus: bolsas ocidentais caem 2 vezes mais que do oriente
A bolsa de São Paulo teve queda quase três vezes maior que na Ásia. Brasil é mais sensível à volatilidade no mercado por ser país emergente
atualizado
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As principais bolsas asiáticas – Xangai, Hong Kong, Shenzhen (todas na China) e Nikkei (Japão) – tiveram quedas acumuladas menores no último mês do que as bolsas de Nova York, Londres – mais importantes do ocidente – e São Paulo. Enquanto as bolsas orientais caíram 10,23%, em média, as três do ocidente recuaram 21,9% – o dobro.
Individualizando apenas na bolsa de São Paulo – que registrou a maior queda entre todas -, a baixa foi quase três vezes maior que na Ásia: -27,4%.
Por outro lado, São Paulo, NY e Londres tiveram uma alta maior nos últimos cinco dias do que suas congêneres orientais. O crescimento médio foi de 12,12%, ante 9% para as bolsas asiáticas.
O coronavírus e seus impactos na atividade econômica são os responsáveis pela alta volatilidade observada nas bolsas de valores do globo. Os dados foram coletados e analisados pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles.
Além de São Paulo, que teve a maior queda nos mercados de capital em destaque, na sequência apareceram Londres, com -19,23% e Dow Jones (de Nova York), com -18,95%.
A queda na Ásia foi menor. No Japão, a Nikkei teve a queda mais acentuada, com -12,84%, seguida por Hong Kong (-11,87%), Shenzhen (-9,3%) e Xangai (-6,91%).
A pandemia de coronavírus teve início da Ásia, mais especificamente em Wuhan, próximo a Hong Kong, na China. Os mercados locais, porém, já demonstram reação após medidas que incluíram confinamento em massa e isolamento social. Agora, porém, essas economias já esboçam reação. No ocidente, que levou mais tempo a sofrer da enfermidade, o impacto no capital está sendo mais drástico.
Últimos dias
Se ao longo do mês o ocidente teve um desempenho duas vezes pior, em média, que o oriente no mercado de capitais, a situação se inverteu nos últimos cinco dias, quando São Paulo, Londres e Nova York – nessa ordem – reverteram perdas de forma mais acelerada. Foram registradas altas de 14,6%, 11,96% e 9,8%, respectivamente.
A maior alta, porém, foi no Japão: 16,86%. As outras bolsas asiáticas, porém, não seguiram o mesmo ritmo. Hong Kong subir 5,54%, Shenzhen 2,18% e Xangai 1,94%. Os dados são do MarketWatch.
Apesar do movimento semelhante nas bolsas analisadas, alguns casos se destacam. Um deles é o da Bovespa, que mostrou uma oscilação maior do que as outras. “O Brasil tem muita sensibilidade como país emergente. Ele vinha em uma trajetória relativamente boa no mercado acionário e, quando tem reviravolta tão forte, a bolsa sofre mais, não tem como”, explicou o economista-chefe da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
Outro ponto que chama a atenção é o da bolsa de Xangai, que teve as menores oscilações. Uma das razões para isso, explicou Silveira, é que a economia no país é mista, com o Estado tendo grande participação. “Quem é mais economia de mercado em uma hora como essa sofre mais”, analisou.
A alta nos últimos cinco dias se deve, de acordo com ele, à “volta da possibilidade da economia americana se estabilizar depois desse choque muito grande”. “Isso acaba produzindo efeitos positivos nas bolsas e trazendo a possibilidade de recuperação econômica mais rápida”, acrescentou.
Entretanto, prossegue o economista, o futuro é de volatilidade: “Devemos ter um período com o mercado caindo forte e devolvendo essa queda depois. Vai ficar assim por algum tempo até o mercado encontrar um caminho”.