Boeing propõe criar empresa para unir operação comercial com Embraer
Negócio de defesa da Embraer, segmento que o Brasil considera estratégico e não abre mão do controle, seria mantido fora dessa estrutura
atualizado
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A Boeing apresentou nesta quinta-feira (1º/2), ao governo brasileiro a proposta de criar uma terceira empresa para unir as operações de aviação comercial com a Embraer. Fora dessa nova estrutura, seria mantido o negócio de defesa da Embraer, segmento que o Brasil considera estratégico e não abre mão do controle.
A intenção foi apresentada a autoridades federais, mas ainda não houve decisão sobre a proposta, segundo duas fontes que acompanham o tema. O novo modelo foi antecipado mais cedo pelo jornal O Globo. As ações da empresa brasileira dispararam na B3.
Com a nova proposta sobre a mesa, o comitê criado pelo governo para avaliar o negócio estuda o novo modelo para analisar se os interesses do Brasil serão protegidos. A primeira avaliação, porém, parece construtiva. Uma das pessoas que acompanha o tema disse ao jornal Estadão que “a cláusula pétrea para o governo é que a parte militar fique fora do negócio”.
A principal preocupação, especialmente da área militar, é que futuras decisões estratégicas para o desenvolvimento na área de defesa da Embraer tenham de passar pelo crivo dos Estados Unidos. Essa hipótese poderia ocorrer caso a Boeing tenha o controle de todos os negócios da Embraer – aviação civil e defesa. O novo modelo, portanto, tenta contornar essa situação ao blindar o braço militar dos norte-americanos.
Uma das fontes nota que o governo brasileiro avalia apenas questões estratégicas protegidas pela chamada golden share – que dá poder de veto ao Palácio do Planalto. A negociação comercial, ressalta, não é tema de preocupação do governo brasileiro. “Não interferimos em negociação empresarial”, diz.Na conversa entre as duas companhias, há percepção em Brasília de que a Boeing “tem mais pressa para fechar o negócio que o governo”. Como o Estado publicou, executivos da Boeing gostariam de concluir as negociações o mais rápido possível para evitar que o negócio seja tema das eleições presidenciais.
Em Brasília, permanece a percepção de que a combinação dos negócios da Boeing e Embraer é boa para os dois lados e que o governo torce para uma solução positiva para a intenção das duas empresas.