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BNDES corta apoio a usinas a carvão: “Nosso foco é em outros combustíveis”, diz diretor

No Brasil, de 2009 a 2018, o BNDES investiu R$ 3,8 bilhões em térmicas movidas a carvão mineral. O gás é um dos vilões do efeito estufa

atualizado

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Diante da maior estiagem já enfrentada pelo país nos últimos 91 anos, em que usinas térmicas precisaram ser acionadas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, neste mês, que deixará de financiar fontes de energia movidas a carvão mineral. Ao Metrópoles o diretor da instituição de Crédito Produtivo e Socioambiental, Bruno Aranha, afirmou que o objetivo da decisão é fomentar a economia de baixo carbono.

Atualmente, há 22 usinas térmicas a carvão mineral em funcionamento no país. Juntas, elas representam apenas 2% da capacidade instalada para a produção de energia no Brasil. O gás emite efeitos negativos para a camada de ozônio. São produzidos óxidos e dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono, além de outros gases que vão diretamente para a atmosfera, agravando o efeito estufa.

Países do G7 (o grupo de países mais industrializados do mundo) já se comprometeram a abandonar as usinas termoelétricas até 2030 para contribuir com a redução do uso de carbono. No Brasil, de 2009 a 2018, o BNDES investiu R$ 3,8 bilhões em usinas térmicas a carvão mineral. “Porém, só nos últimos cinco anos, o valor investido em fontes de energia sustentáveis foi de R$ 27 bilhões”, informou Aranha.

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, as fontes renováveis atingiram demanda de participação de 46,1% na matriz energética, o que representa três vezes o percentual mundial. No diagnóstico do diretor do BNDES, esse é o futuro. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

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PAULO VITOR/AGÊNCIA ESTADO

Como surgiu essa decisão e a partir de quando a nova regra valerá?

No primeiro semestre deste ano, tomamos a decisão de deixar de apoiar térmicas a carvão mineral. É um movimento que a gente já vem fazendo há algum tempo, mas agora decidimos de vez. Financiamos o setor num valor de R$ 4 bilhões de 2009 a 2018. A exclusão do apoio já está valendo.

O corte do apoio pode prejudicar a produção de energia em períodos de estiagem, como o que estamos enfrentando agora? 

Nada impede empresas que operam as [usinas] térmicas de se financiarem no mercado brasileiro de crédito. O banco não é o único financiador desse tipo de projeto. Mas, agora, o nosso foco é em outros combustíveis. Continuamos, por exemplo, apoiando projetos com base no gás natural, que é um combustível de transição.

Qual o impacto dessa decisão no desenvolvimento de uma economia de baixo carbono no país?

Esse é o esforço do BNDES para ajudar o Brasil a migrar para uma economia de baixo carbono. É um compromisso do Brasil com o mundo. Queremos ajudar a fazer uma transição inclusiva, tendo um olhar para o caráter social. Esse é um movimento natural da instituição, estamos direcionando nossos esforços para isso. Os debates técnicos sobre o assunto foram muito tranquilos, todos estavam envolvidos na ideia.

Há outros investimentos do BNDES em projetos sustentáveis? 

Hoje, temos uma carteira de investimentos de economia verde e de desenvolvimento social com um financiamento direto de R$ 138 bilhões. O valor é muito significativo, principalmente se falarmos dos últimos anos, quando isso representou cerca de 50% da carteira do banco de crédito. Destaque também para a geração de energia sustentável. Investimos R$ 27 bilhões nos últimos cinco anos em fontes renováveis: hídrica, solar, eólica e biomassa.

Houve resistência de grupos de pressão em defesa do financiamento das térmicas?

Não. E também não recebi nenhuma manifestação de cliente. Acredito que não haverá. A função do BNDES é trazer essas discussões de forma colaborativa, discutir todas as temáticas, como a sustentável, e influenciar comportamentos.

Qual o trâmite para conseguir um financiamento do banco?

O procedimento inicia com a empresa interessada enviando uma carta-consulta para o BNDES. A partir disso, o documento passa por um ciclo de verificação e ocorre o cadastramento do cliente. Depois, é feita a análise do projeto em si pelo comitê de crédito. O tempo que vai durar todo esse procedimento depende do projeto. Mas pode-se dizer que são necessários pelo menos seis meses.

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