Black Friday deve ter primeira queda de vendas desde 2016, diz CNC
Se for descontada a inflação acumulada em 12 meses, a receita do varejo deve encolher 6,5% na comparação com o ano passado
atualizado
Compartilhar notícia
A disparada da inflação deve provocar a primeira queda real nas vendas da Black Friday desde 2016. De acordo com uma projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a data deve movimentar R$ 3,93 bilhões. Trata-se de um valor recorde desde que o evento começou, em 2010.
Em relação ao ano passado, as vendas da Black Friday de 2021 devem avançar 3,8%. Contudo, se for descontada a inflação acumulada em 12 meses, que chegou a 10,67% pelo IPCA, a receita do varejo deve encolher 6,5% na comparação com 2020.
Segundo a análise da CNC, o ritmo de alta dos preços tem sido um obstáculo à expansão do volume de vendas, mesmo com a aceleração do consumo digital na pandemia da Covid-19. Até o início da crise sanitária, o e-commerce brasileiro crescia a uma taxa anual média de 14,1%. Esse ritmo saltou para 46,2%, de acordo com levantamento baseado nas emissões de notas fiscais eletrônicas computadas pela Receita Federal do Brasil.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apesar da situação econômica, as expectativas são positivas para a Black Friday, que já é a quinta data mais importante do setor, depois do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais. “A facilidade de comparação de preços on-line, em um evento caracterizado pelo forte apelo às promoções, incentiva a competitividade e influencia o aumento expressivo da data no calendário do varejo”, avalia.
A projeção é que, neste ano, os segmentos de móveis e eletrodomésticos (R$ 1,105 bilhão) e de eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 906,57 milhões) deverão responder por mais da metade (51,2%) da movimentação financeira prevista. Outros ramos que também devem se destacar são o de hiper e supermercados (R$ 779,09 milhões) e de vestuário, calçados e acessórios (R$ 693,12 milhões).
Produtos com maior potencial de desconto
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, explica que, para avaliar o potencial de descontos efetivos durante a data, a CNC coletou, diariamente, mais de dois mil preços de itens agrupados em 34 linhas de produtos ao longo dos últimos 40 dias. Destes, 26% revelaram tendências de redução no período, percentual que contrasta com os 46% observados às vésperas da Black Friday de 2020, quando a taxa de inflação era menor (+3,9%).
“Um determinado produto que apresenta altas expressivas, superiores a 10%, por exemplo, no preço mínimo praticado durante as semanas que antecedem a Black Friday tende a apresentar um baixo potencial de desconto efetivo durante o evento promocional”, observa o economista.
De acordo com o levantamento, pela ordem, os produtos com as maiores chances de descontos efetivos e respectivas variações de preços nos últimos 40 dias são: headsets, com queda de preço de 13,0%; perfume feminino (-10,4%); creme hidratante (-7,2%), protetor solar e bronzeador (-4,2%); e caixas de som bluetooth (-3,4%). Por outro lado, dado o reajuste recente de preços, as chances de descontos efetivos em videogames e jogos eletrônicos são reduzidas.