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BC: Selic deve voltar a ter redução em maio e cortes terminam em junho

Expectativas de mercado para a inflação em 2018 estão em torno de 3,6%. Para 2019 e 2020, as projeções estão em cerca de 4,2% e 4%

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A taxa básica de juros, a Selic, pode voltar a ser reduzida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para maio. É o que sinaliza a ata da última reunião do comitê, realizada na última semana, quando a Selic foi reduzida em 0,25 ponto percentual, para 6,5% ao ano. A ata foi divulgada nesta terça-feira (27/3), no site do BC. Nessa reunião a Selic passou pelo 12º corte seguido.

“A evolução do cenário básico tornou adequada a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta reunião. Para a próxima reunião [em maio], o comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional [redução da Selic de 0,25 ponto percentual]”, diz a ata.

Para o comitê, uma nova redução da Selic reduz o risco de a inflação demorar a chegar ao centro da meta. O Copom lembra que as expectativas de mercado para a inflação em 2018 estão em torno de 3,6%. Para 2019 e 2020, as projeções estão em cerca de 4,2% e de 4%, respectivamente.

A meta de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA,) é de 4,5% neste ano, 4,25% em 2019 e 4% em 2020. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Entretanto, o comitê ressalta que essa visão de nova redução na Selic na próxima reunião pode mudar e o ciclo de cortes ser interrompido em maio, caso não seja mais necessário reduzir o risco de que a inflação demore a chegar à meta.

Caso o cenário atual se mantenha, o Copom sinalizou para junho a interrupção do ciclo de cortes na Selic, “visando avaliar os próximos passos”.

Ajustes nas perspectivas
Na ata, o Copom lembrou que anteriormente, chegou a sinalizar que poderia interromper o ciclo de cortes neste mês. Entretanto, os diretores do BC avaliaram que a evolução da conjuntura tornou clara, ao longo do tempo, a necessidade de “um ajuste da política monetária [redução da Selic] em relação ao movimento que havia sido sinalizado como mais provável na reunião anterior”.

“Parte desse ajuste pôde ser implementado pela redução da taxa Selic para 6,5% ao ano, que já estava refletida nas projeções de analistas”, disse o comitê. “Entretanto, os membros do Copom concluíram pela necessidade de tornar a política monetária um pouco mais estimulativa”, acrescentou.

Para o Copom, a recuperação da economia brasileira é consistente. “À medida que a atividade econômica se recupera, a inflação tende a voltar gradualmente para a meta”, diz a ata.

Na ata, o comitê avalia ainda que há risco de a inflação ficar abaixo do esperado. Por outro lado, diz o Copom, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode elevar a trajetória de inflação. “O Copom entende que tem que balancear essas duas dimensões, tendo em vista a incerteza quanto às defasagens do impacto de estímulos monetários na trajetória da inflação”, diz a ata em relação ao tempo que leva para as reduções na Selic gerarem efeito na inflação.

“Isso envolve reagir para assegurar que a inflação convirja para a meta numa velocidade adequada e ao mesmo tempo garantir que a conquista da inflação baixa perdure, mesmo diante de choques adversos. O Copom reafirma que tem flexibilidade para reagir a riscos de ambos os lados”, destaca o documento.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. Para cortar a Selic, o BC precisa estar seguro de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Cenário externo
Na ata, o Copom avaliou que “a evolução da economia global tem sido favorável, com crescimento econômico bastante disseminado”. “Já surgem sinais de que as condições no mercado de trabalho começam a elevar os salários em algumas economias centrais. Há também perspectiva de retorno das taxas de inflação nessas economias para patamares mais próximos de suas metas”, diz o Copom. Para o comitê, isso reforça o cenário de continuidade do processo de normalização das taxas de juros, de forma gradual.

Esses dados sobre emprego e inflação em países como Estados Unidos são importantes para a tomada de decisão sobre a taxa de juros. Se a elevação norte-americana de juros for mais agressiva, isso afeta os mercados de outros países.

Juros mais altos nos Estados Unidos estimulam que os investidores vendam ações na bolsa de valores e comprem títulos do Tesouro norte-americano, considerados os papéis mais seguros do planeta. Da mesma forma, propiciam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil, para cobrir prejuízos em mercados de economias avançadas.

O Copom avalia que a “trajetória prospectiva da inflação de preços e salários [nos países desenvolvidos] pode tornar esse processo mais volátil [com mais oscilações] e produzir algum aperto das condições financeiras globais”.

Os membros do comitê também avaliaram que medidas protecionistas podem gerar impactos no crescimento global e oscilações nos mercados. “Nesse contexto, os membros do Copom voltaram a destacar a capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver eventual revés no cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e ao ambiente com inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de recuperação econômica”, diz a ata.

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