BC pode adotar medidas para funcionamento de mercados após Brexit
O dólar abriu em forte alta ante o real na manhã desta sexta-feira (24/6) refletindo a aversão ao risco no exterior após o Reino Unido decidir em plebiscito sair da União Europeia
atualizado
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Após os britânicos decidirem em plebiscito deixar a União Europeia, no que se tornou conhecido como “Brexit”, o Banco Central (BC) informou nesta sexta-feira (24/6), que, caso necessário, adotará medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial. Em comunicado, a autoridade monetária brasileira afirmou que está monitorando continuamente os desenvolvimentos nos mercados global e doméstico.
“A economia brasileira tem fundamentos robustos para enfrentar movimentos decorrentes desse processo”, ressaltou a autoridade monetária.
Segundo o BC, o País, tem relevante montante de reservas internacionais, o regime de câmbio flutuante e um sistema financeiro sólido, com baixa exposição internacional.
Dólar em alta
O dólar abriu em forte alta ante o real na manhã refletindo a aversão ao risco no exterior após o Brexit. O dólar à vista subiu mais de 3% e o dólar para julho entrou em leilão na abertura. Após esta alta mais forte, no entanto, o dólar já tinha saído das máximas.
Por volta das 9h30, o dólar à vista subia 2,44%, a R$ 3,4234 e o dólar para julho estava cotado a R$ 3,4300 em alta de 2,54%.
Enquanto isso, o mundo se movimenta após a decisão. O BC da Irlanda disse que medidas estão prontas para garantir estabilidade financeira após Brexit.
O ministro de Finanças do Japão, Taro Aso, voltou a afirmar nesta sexta que tomará “ações firmes, se necessário”, para conter a valorização do iene, reiterando sua disposição de intervir diretamente no mercado de câmbio.
No horário acima, o dólar caía a 102,48 ienes, de 105,87 ienes no fim da tarde de quinta-feira.
Taxa de juros
Assim como no exterior, os mercados domésticos são tomados pela aversão a risco após o Reino Unido decidir em plebiscito sair da União Europeia. O dólar e os juros futuros começaram o dia em alta firme, enquanto o Ibovespa futuro caía ao redor de 5% nesta sexta-feira, 24. Nos DI’s, a alta chegou a ser de 30 pontos nos vencimento mais longos. Depois, no entanto, tanto o dólar como os juros futuros já tinham saído das máximas.
Por volta das 9h30, O DI para janeiro de 2018 estava em 12,72%, na mínima, de 12,66% no ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2021 exibia 12,59%, de 12,41% no ajuste de quinta-feira, 23.
Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara, o desfecho do plebiscito deve influenciar o Federal Reserve e mesmo a política monetária no Brasil. “Se a postura do Federal Reserve já era ‘dovish’ antes, agora será ainda mais. Qualquer aumento de juros será muito gradual”, disse mais cedo em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
No radar desta sexta, estão os resultados das contas do setor externo de maio (10h30) e do Caged de maio (16 horas).
Além disso, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem reunião às 16 horas com o embaixador do Reino Unido, Alex Ellis.
Governo Temer
Temer também disse na entrevista que o governo interino vai avaliar eventuais impactos econômicos que a decisão de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) pode provocar. Ao governo brasileiro, contudo, não caberá discutir a decisão política anunciada hoje, afirmou o presidente em exercício.
“Nós não vamos discutir a decisão do Reino Unido do ponto de vista político. Do ponto de vista econômico, vamos esperar que esta decisão efetivamente se consolide para medirmos, em um segundo momento, qual impacto que ela terá”, afirmou.
Em plebiscito realizado nesta quinta-feira, 51,9% dos eleitores do Reino Unido decidiram por sair da União Europeia, o chamado “Brexit”. O resultado apurado contraria as previsões das pesquisas de intenção de voto mais recentes que apontavam perspectiva de vitória do grupo pró-Europa.
Temer reforçou que a posição do governo brasileiro em relação ao Reino Unido está alinhada com a nova postura da diplomacia brasileira, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra. “Nossa ideia é universalizar as ações da diplomacia do Brasil, sem nenhum outro critério que seja a soberania de um determinado país. A meu ver, critérios ideológicos são impensáveis”, disse.
Sobre a atuação do Mercosul, Temer afirmou que Serra está no caminho de equacionar as relações com o bloco econômico sul-americano. “É preciso dar uma diretriz mais segura às negociações com o Mercosul, também do ponto de vista ideológico”, comentou.