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BC “não hesitará” em subir juros em 2023 se inflação sair de controle

Em decisão nesta quarta-feira (07/12), o Banco Central decidiu manter os juros em 13,75% ao ano, mas demonstrou preocupação com risco fiscal

atualizado

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Reprodução/ BP Money
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursa
1 de 1 Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursa - Foto: Reprodução/ BP Money

Sem surpresas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. No comunicado divulgado após a decisão, a autoridade monetária elencou riscos de curto e médio prazo que podem influenciar a política de juros no ano que vem.

Como a inflação é o principal aspecto observado pelo BC para decidir se corta ou aumenta os juros no país, o Copom mapeou aspectos que podem influenciar os preços de produtos e serviços.

Entre os fatores que podem ajudar na redução dos preços está a queda da cotação de commodities (como petróleo e alimentos) no mercado externo, a prorrogação da vigência das isenções do ICMS sobre os combustíveis para 2023 e a desaceleração do crescimento da economia global.

Por outro lado, alguns aspectos preocupam a autoridade monetária, pois podem causar um repique inflacionário. O BC elenca, por exemplo, a persistência de choques inflacionários em países desenvolvidos e a “a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal” no Brasil.

“O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”, diz a nota do BC.

Furo no teto de gastos

A autoridade monetária esclareceu que espera que os preços voltem para o limite estabelecido pela meta inflacionária do BC já em 2023 e em 2024. As expectativas, no entanto, apontam para outro cenário. A PEC de Transição, que prevê despesas de R$ 145 bilhões fora do teto de gastos, tem piorado as projeções dos analistas.

Caso o próximo governo, sob o comando de Lula, decida afrouxar a vigilância fiscal, é possível que a inflação volte a subir – seja pelo efeito direto de injeção de dinheiro na economia, pela distribuição de benefícios sociais e reajustes salariais, seja pela desconfiança gerada por um governo que negligencia as regras fiscais.

Segundo a pesquisa Focus, que reúne a visão dos principais economistas do mercado brasileiro, a inflação deve terminar 2023 acima de 5%. O centro da meta do Banco Central é de 3,5%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja: a inflação deve superar o teto da meta, que é de 4,75%.

O desencontro entre as projeções e a meta de preços está sendo monitorado, diz o comunicado do BC, e é por isso que um novo aumento da Selic em 2023 não está completamente descartado.

“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o documento.

Ciclo de aperto

O discurso do BC corrobora uma sensação de piora captada pelos agentes de mercado. Até a véspera da eleição, esperava-se que o caminho à frente seria de queda da Selic, e possivelmente uma queda que começaria já no primeiro trimestre do ano.

“Devido aos ruídos recentes sobre política fiscal, esse cenário se tornou muito incerto. Também não esperamos nova deflação, o efeito dos cortes de impostos já foi completamente absorvido”, escreveu Victor Inoue, da gestora WIT Invest.

Agora, no entanto, até mesmo os analistas mais otimistas acreditam que o Banco Central vai aguardar os primeiros meses do próximo ano (e do próximo governo) para decidir se afrouxa a política monetária.

Victor Candido, economista-chefe da gestora RPS, pondera que apesar de ter alertado que seguirá observando a condução fiscal, o BC não deu nenhum tipo de “cartão amarelo” para o novo governo.

“O BC fez certo em não falar da PEC [de Transição]. Ele apenas dá um segundo aviso de que não hesitaria em subir juros se as expectativas de inflação piorarem. E a piora só ocorrerá quando de fato houver uma sinalização clara do arcabouço fiscal a ser adotado, então o Copom decidiu esperar”, avaliou Candido.

A próxima reunião da autoridade monetária acontece em janeiro, e até lá a questão da PEC e do orçamento de 2023 deverão estar pacificados, o que permitirá o vislumbre de um cenário mais claro.

Por outro lado, não há expectativa de aumento de juros já no mês que vem. O que o mercado vai observar com uma lupa, como explica Bruno Mori, economista e sócio da Sarfin, é o recado que o Banco Central dará na próxima reunião.

“O tom que o BC quis passar hoje é que está vigilante, acompanhando todos os riscos. A expectativa do mercado é que a Selic permanecerá em 13,75% em janeiro, mas as projeções dependerão essencialmente de como a questão fiscal vai se desenrolar, e como o aumento de juros no exterior vai impactar nossa economia”, observa Mori.

 

 

 

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