BB: presidente do Conselho de Administração renuncia e ataca Bolsonaro
Renúncia ocorre após afirmação de que o indicado para presidir o banco não tem competência para gestão. Outro conselheiro também saiu
atualizado
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O Banco do Brasil informou nesta quinta-feira (1/3) a renúncia de Hélio Magalhães e de José Guimarães Monforte aos cargos de membros do Conselho de Administração da instituição financeira.
Magalhães era presidente do conselho do banco e sua saída tem efeito a partir de sexta-feira (2/3). Monforte era membro independente do colegiado e sua saída já tem validade nesta quinta.
As duas renúncias ocorrem logo após eles terem afirmado que o indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir o banco, Fausto Ribeiro, não tem experiência para gerir o banco.
Bolsonaro nomeou Ribeiro em março para suceder André Brandão, que renunciou após ter sido ameaçado de demissão por Bolsonaro.
A carta-renúncia foi entregue nesta quinta e a instituição fez um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Ribeiro é funcionário do BB desde 1988 e o terceiro presidente do banco em seis meses.
De acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo, na carta de renúncia, Magalhães afirma ter tomado a decisão em razão do “reiterado descaso com que o acionista majoritário vem tratando não apenas esta prestigiada instituição, mas também outras importantes estatais de capital aberto e seus principais administradores”.
Desrespeito
Magalhães aponta tentativas de desrespeito à governança corporativa, que não foram adiante em razão da atuação diligente do conselho e pela “higidez dos mecanismos de governança da companhia”.
O executivo aponta interferências externas na execução do plano de eficiência da companhia, que já havia sido aprovado pelo conselho e que seria “obviamente necessário para adequá-la aos novos tempos e desafios do setor”.
Magalhães protestou ainda contra o rito de escolha do novo presidente do banco, “o qual simplesmente não considera o desejável crivo deste conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e contrária às melhores práticas de governança em nível global”.
Magalhães ainda reforça que nos quase dois anos que presidiu o conselho, a instituição evoluiu principalmente em três frentes: elevar a governança um padrão best in class, melhorar a eficiência do banco e avançar nos projetos de desinvestimentos.
“Infelizmente, entendo que essas prioridades não são mais do interesse do acionista majoritário”, conclui.